Por Eduardo Guerini
“Não foi o PT quem inventou a corrupção. Mas no PT ela se tornou sistêmica. O Brasil sempre teve uma margem de corrupção. Mas nunca foi nesta escala. Analistas internacionais falavam do México, da Argentina. Hoje, o Brasil deixa esse pessoal longe. O que se está combatendo no Brasil não é um episódio. É o sistema de corrupção.” (Francisco Weffort, Valor-13/11/2015)
A perplexidade da sociedade brasileira após a 21ª Fase da Operação Lava Jato, com a condução para carceragem da Polícia Federal, do pecuarista e amigo íntimo de Lula, em sequência de fatos, a histórica decretação da prisão do Líder do Governo, Senador da República pelo PT – Delcídio do Amaral, e, do banqueiro André Esteves, demonstraram que a percepção de nossos governantes e classe política estão distanciados da preocupação da opinião pública, desde os manifestos de Junho de 2013. Nesse movimento espontaneísta deflagrado antes da Copa de 2014, com o sugestivo slogan “Não são só 20 centavos”, milhares de brasileiros e brasileiros levantaram sua voz, pedindo “Educação, Saúde, Segurança, Transporte Público padrão FIFA”. Esqueceram que na FIFA - Federação que organiza o futebol mundial, a corrupção envolvia dirigentes e carcomia as estruturas daquela entidade, tal como ocorre na república brasileira.
Quando um governante e sua classe política deveriam representar a “vontade geral” se afasta, perdendo o controle da opinião pública, não respondendo de forma contundente as necessidades gerais, as crises são sucessivas. O legado do período pós-eleitoral de 2014 foi decisivo para que todos os brasileiros sentissem o efeito da traição entre promessas mediadas por propaganda bombástica e fantasiosa, traduzindo a percepção do “estelionato eleitoral” de Dilma Rousseff. Diante de sucessivas críticas da oposição e verbalização nas redes sociais da insatisfação, as pesquisas de opinião perceberam o evidente, a governante do Planalto Central mentiu.
No segundo momento, o cinismo de Dilma Rousseff, sob o manto de proteção do seu Criador, o ex-presidente Lula, em campanha, recitou repetida vezes a frase “Nem que a vaca tussa!!”, tal como mantra para dizer que o governo lulo-petista-dilmista não atacaria os “direitos sociais dos trabalhadores”. O resultado foi ataque ao seguro desemprego, auxílio doença, pensão por morte, com mudança em curso na Previdência, as chamadas regras de transição. A atitude de ataque aos trabalhadores, somado ao processo de elevação das tarifas de energia elétrica (TARIFAÇO), com redução de incentivos para inclusão da roda-viva do consumo pelo crédito, desencantaram a mística petista. O crepúsculo do lulo-petismo atinge seu ápice com sucessivas denúncias de corrupção de burocratas do Partido dos Trabalhadores.
A rede de corrupção deslindada em sucessivas operações investigativas demonstrou que o Governo Federal, os partidos da coligação majoritária (PT-PMDB), reeleita para nova condução da República brasileira, abusou do uso de recursos ilegais e ilícitos para enriquecer empresários e dirigentes de empresas estatais. Daí, a defesa do governo, tal como pretende parcela significativa dos governistas ingênuos, e, burocratas afastados do cotidiano da maioria dos trabalhadores, em sua famosa tese da “conciliação de classes”, não resiste ao sopro das mudanças e transformações que este frágil tempo histórico brasileiro exige!!
Na última semana, para perplexidade de todos, se confirma a certeza que atual mandatária e o Partido dos Trabalhadores não tem estatura e altivez para tirar o Brasil do atoleiro - desemprego crescente, inflação em alta, recessão aprofundada e perda de horizonte para gerações. Na atual conjuntura uma grande nação foi lançada na órbita errática da crise política, econômica e social, Os trabalhadores foram atirados na sombria condição de desempregados pauperizados e sem direitos sociais , porém, o tema da “corrupção” passou a ser o principal problema apontado em nova rodada de pesquisas de opinião. Na percepção dos brasileiros, 34% acreditam que o fenômeno da corrupção é o principal problema, seguido da saúde (16%), educação (8%), violência (8%), economia (5%). Neste burburinho, 65% desejam o afastamento e 62% desejam a renúncia de Dilma Rousseff.
Nos manuais de política clássicos, modernos e contemporâneos, a ordem sempre que acontece uma crise em determinado Estado, deve ser capitaneada pelo governante que detém o “poder incumbente de plantão”, na falta de leitura da realidade, o afastamento da Presidente da República - Dilma Rousseff, dos três verbos para superação da paralisia e protagonismo – recuperação da confiança, recomposição de base de apoio e retomado do crescimento, determinam a potencialização da “agenda negativa”. A elevação da temperatura política, com pedidos de renúncia e impedimento, resulta da petrificação do Partido dos Trabalhadores, cooptação de movimentos sociais - o movimento sindical não está isento, e, submissão ao esquema de corrupção jamais visto na história desse País!!!
Se o cinismo, escárnio vencerão a esperança de mudanças para um Brasil mais justo, igualitário e fraterno, é uma questão que o tempo histórico irá sanar. É inegável que os movimentos sociais, especialmente, o movimento sindical tem uma responsabilidade inacreditável para retomada de uma agenda para o crescimento econômico e desenvolvimento social. Porém, não deverá esquecer que o combate a corrupção se transformou em bandeira de luta içada nas manifestações de 2013.
Caso contrário, tal como o crepúsculo petista, o sindicalismo brasileiro poderá perder “o bonde da história”, sendo relegado ao ostracismo na narrativa mórbida de algumas páginas de livros didáticos empoeirados em alguma biblioteca mal frequentada.
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