Por Laercio Duarte
O Lago de Sobradinho foi construído no Rio São Francisco, durante os anos de chumbo do período militar. Por isso mesmo, foi muito combatido pela chamada "esquerda brasileira". Apesar disso, resultou num projeto de grande potencial progressista, pois trouxe para a região a irrigação de áreas cultiváveis, onde se produz frutas tropicais destinadas à exportação e ao consumo interno, incluindo algo completamente improvável, os parreirais de uvas viníferas em pleno sertão nordestino.
Na barragem do lago, foi instalada uma usina de produção de energia elétrica, com seis unidades geradoras que, juntas, somam mais de mil megawatt hora, equivalente a produção das nossas usinas de Machadinho ou Itá, em Santa Catarina, cujas concessões foram repassadas para a franco-belga Tractebel, e que no momento estão operando com lucros fantásticos para a multinacional.
O mesmo acontecia em relação a Usina de Sobradinho para a estatal CHESF, do grupo Eletrobrás, até que sua operação ficou inviável devido a seca que se abate sobre o Lago de Sobradinho.
Além das condições climáticas provocadas pelo desmatamento e má gestão ambiental da bacia do maior rio genuinamente nacional, um novo risco aparece no horizonte do drama fluvial. A construção da Transposição das Águas do Rio São Francisco, imaginada e iniciada em 2006 e prevista para ser inaugurada em 2012. Do orçamento inicial em torno de 4 bi de reais já foram gastos 8 bi, e a data de conclusão foi no momento transferida para 2017. Isso significa que as águas podem rolar à vontade, mas, infelizmente na atualidade, não há sequer a quantidade suficiente para encher o lago.
Trata-se de uma obra eminentemente política, contra a qual se posicionaram os maiores ambientalistas brasileiros, incluindo a ex ministra Marina Silva e alguns bispos católicos da região, que foram silenciados à força pela cúpula da CNBB. Uma obra que, à princípio, só beneficia os empreiteiros e os contratantes governamentais. Oito bilhões de reais jogados no lixo !!!
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