segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

O RIO, A LAMA, A DOR


Por Emanuel Medeiros Vieira

O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga (...)
(Carlos Drummond de Andrade, “Lira Itabirana”)

O que dizer?
Tudo, praticamente, já foi escrito sobre o maior desastre ambiental da história do Brasil, dizimando vidas, destruindo tudo o que havia.
Em nome do “progresso”.

Prefiro que todos reflitam.
 Que modelo almejamos?
A natureza é para o homem.

E dia a dia, vamos destruindo todo o que há pela frente.
O planeta no qual vivemos  é transformado num apocalipse de lama, morte  e destruição.
Enquanto isso, muitos se preocupam em apenas TER e comprar, elegendo o hiperindividualismo como modelo de vida.

E segue a vida.
E o rio com os seus dejetos entrando no mar.

E toda esta lama – eu sei, a comparação é facilitaria – é também  metafórica.
Reflete a lama deste Brasil, num intenso processo de degradação e de destruição de valores..

O rastro da lama é o rastro da desilusão.
O rastro da lama é dos ilusões perdidas, dos sonhos de nossa juventude: de um país mais decente e mais justo.

Enquanto isso, massacram-se pelo poder.
Esquecem-se tais “nobres” figuras, que logo passarão, deixando apenas o rastro da lama e da ignomínia.

Sim, Drummond: antes fosse mais leve a carga.


Queria dedicar o texto para todos aqueles que, apesar de tudo, ainda nutrem esperança (qualquer uma).
(Salvador, dezembro de 2015)

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