Pérolas
A troca de ministros da economia no Brasil passou em branco. De fato, ela é irrelevante, diante do quadro de barbaridades que se vê no país. O novo chefe do órgão supostamente encarregado do Planejamento, algo que não se faz no país há muitas décadas, saiu-se com esta pérola em sua cerimônia de posse:
"- Mais importante do que dizer o que vai ser feito, é fazer. Execução é muito mais importante do que a estratégia. Temos que fazer bem." Se alguém entendeu o que sua excelência quis dizer, explique-me, por favor. Nenhuma corporação vive sem estratégia. A ciência da administração nos últimos 30 anos, pelo menos, tem dedicado ao campo da gestão estratégica os seus estudos e inovações mais importantes, tanto nas universidades de alta performance, como Cambridge e Harvard, quanto em instituições nossas, aqui do terceiro mundo. O campo da informática dedicou seus aplicativos mais relevantes ao mercado de software voltado ao apoio à decisão, especialmente àqueles que se voltam para auxiliar os gestores num campo especialmente delicado, qual seja a formulação de estratégias e sua posterior implementação no campo prático.
O que podemos esperar de um ministro que fala mal de sua própria profissão? Ou pior: não sabe do que está falando.
Milicos X golpe
Parece evidente que os militares de hoje não estão dispostos a fazer um golpe militar no Brasil. Apesar da tragédia que é este governo Dilma.
Ainda que o comportamento dos civis golpistas sejam mais ou menos o mesmo de 1964, ou seja, bater às portas dos quartéis pedindo a intervenção militar. São mais de 50 anos de diferença. Não temos mais a guerra fria, que justificava aos Estados Unidos intervir no mundo inteiro, particularmente em seu quintal sul americano, onde implantou-se ditaduras sanguinárias no cone sul, incluindo a de nosso país.
Os cidadãos que hoje apelam para uma solução militar, talvez não saibam que o golpe militar de 1964 também tinha o propósito de sanear o país. O governo Jango era tido como comunista, corrupto e incompetente. Por isso, apelou-se para os militares, que deveriam fazer a limpeza esperada e num curto prazo devolver o poder aos civis liberais e conservadores. Havia vários deles esperando por essa graça. Juscelino Kurbischeck, Carlos Lacerda, Magalhães Pinto, Carvalho Pinto, etc. Esperaram vinte anos. Todos morreram sem alcançar o sonhado objetivo de voltar ao poder, alguns deles morreram sob a suspeita de terem sido assassinados pelo próprio regime.
Um golpe militar nunca é aplicado apenas pelo setor militar. O de 1964 contou com o apoio político fundamental da igreja católica e da burguesia nacional. Quando os militares decidiram acabar com a oposição civil, a partir de 1968, contaram com o apoio fundamental dos grandes empresários. Sabe-se historicamente que todos os líderes do empresariado nacional doavam grana para a repressão violenta comandada pelos aparelhos para-militares, como a OBAN e o DOI-CODI. Duas exceções são citadas pelo próprios agentes: José Mindlin e Antonio Ermírio de Morais. O resto está na lista dos colaboracionistas.
Laercio Duarte
Nenhum comentário:
Postar um comentário