Por Laercio Duarte
Mauricio Macri começou a governar a Argentina, cumprindo uma das suas mais marcantes promessas de campanha. Acabou com o imposto de exportação de produtos agrícolas.
A política de restringir exportações de alimentos em um país que se notabiliza pela qualidade e quantidade da sua produção, foi utilizada pelos governos Kirchner com dois propósitos complementares:
1) para garantir que o mercado interno fosse abastecido.
2) para aumentar a arrecadação de impostos.
Nem uma coisa nem outra apresentou resultado positivo. Os produtores de carnes, laticínios e cereais boicotaram deliberadamente a produção, em vista dos baixos preços controlados no mercado interno. Acabou faltando suprimentos para as famílias, mesmo que a produção não tenha sido exportada. Na outra ponta, diminuindo a produção, também não houve o esperado incremento da arrecadação.
No ano de 2008, já no segundo governo Kirchner, houve um boicote nacional dos produtores e isso afetou gravemente o abastecimento interno. A partir daí, as relações entre o governo e o meio rural foram se tornando cada vez mais ásperas. De um lado, os produtores acusavam Cristina de autoritária e incompetente e, de outro, o governo acusava os produtores de traidores da nação. Neste jogo de gato e rato, o país ficou estagnado economicamente, com exceção da exportação de soja que, mesmo taxada a 35%, atingiu 10 milhões de toneladas em 2013, a segunda maior do mundo. O Brasil, maior exportador mundial, onde não se cobra imposto de exportação, vendeu 50 milhões de toneladas do mesmo produto em 2013.
Segundo o novo governo argentino, não é possível retirar de uma só vez a tributação sobre a soja, para não causar um grande baque sobre a gestão fiscal. Num primeiro momento, a alíquota foi diminuída de 35% para 30%, decepcionando as lideranças dos agricultores, que prometeram continuar as pressões sobre Macri.
Além de revogar o imposto sobre exportações de produtos agrícolas, Macri prossegue cumprindo suas promessas de campanha.
No front propriamente político, os militantes peronistas de 'la Kirchner' já mostram que não darão sossego. Sabendo disso, Macri saiu dando logo três tacadas que vão ocupar bastante a pauta de protestos de rua:
1) Já encaminhou proposta de mudança de nome do Centro Cultural Kirchner, em Buenos Aires, além de insinuar que seria bom privatizá-lo.
2) Colocou imediatamente em prática a sentença da suprema corte argentina, que anulou a Lei que permite aos presidentes da república nomearem Juízes. Àqueles que foram nomeados por Cristina, deu três meses de prazo para que sejam substituídos por Juízes "mesmo", concursados e sem vínculos partidários.
3) Submeteu ao congresso nacional a revogação da polêmica Lei de Imprensa editada por Cristina, então com o propósito específico de prejudicar os grandes jornais Clarin e La Nación.
Lembremo-nos que até o papel para imprimir suas edições, os jornais estão proibidos de importar ou comprar no mercado interno, pois são de fornecimento exclusivo do governo federal. Talvez seja este o ponto mais sensível, que está provocando grande repercussão entre os engajados dos Kirchner.
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