quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Cultura e ogros urbanos

"l'Ancien port de Nice" Tableau d'Isidore Dagnan (1794-1873)

Mesmo com uma chuvinha leve, temperatura de 3 graus centígrados, saí cedo para correr pela orla de Nice como faço toda manhã. No trajeto, venho acompanhado a montagem das arquibancadas para o Carnaval, que ocupam metade do calçadão da Promenade des Anglais . Ontem percebi uma van de uma agência de publicidade colocando saarrafos na parte traseira das arquibancadas.

Concluí imediatamente que o espaço estaria vendido para comerciais de lojas, intitucionais de empresas de comunicação e aquele varejão de anúncios a que somos submetidos nos espaços visuais públicos de Florianópolis.

Quando cheguei à Promenade hoje tive uma grata surpresa! Os espaços foram ocupados por grandes painéis fotográficos de Nice antiga. Assinados pela prefeitura local o material histórico é alusivo aos 150 anos da cidade (1860-2010).

Fiquei maravilhado com o material e apreciei, abaixo de chuva, foto por foto. Enquanto corria de volta para casa fiquei pensando neste tipo de atitude dos administradores da cidade. Praticariam um tipo de capitalismo elegante? cultural?

Onde está diferença entre essas pessoas e os nossos Dários da vida.

Quando levanto esse tipo de argumento não estou, aqui, plagiando os “novos ricos” que empestam nossa cidade vomitando bobagens tipo: “isso é de primeiro mundo”, como se só na Europa existissem coisas boas. Não, de forma alguma.

Levanto esta questão para ver se entendo onde está a diferença entre uma administração comprometida com cultura e história e outra comprometida com interesses econômicos e com a rapinagem.

A questão estaria na população eleger pessoas com um mínimo de cultura. Mas como saber quem tem cultura se a própria população é mantida na ignorância e fora dos limites do conhecimento.

Este tipo de exposição fotográfica de Nice não interessa, por exemplo, aos nosso administradores de Florianópolis. Seria perda de dinheiro ocupar espaços nobres com “fotos velhas” da cidade. Manter a população na ignorância ainda é uma das grandes formas de dominação e manutenção do poder.

Quando penso na famigerada árvore de Natal construida por Dário & Mário na Beira Mar Norte percebo a diferença entre simples painéis fotográficos e um equipamento eletrônico supostamente moderno mas totalmente vazio de conteúdo. Estéril.

Enquanto em Nice o espaço público é utilizado para resgatar e divulgar, para população, suas origens, história, estilos arquitônicos e comportamentos, enfim a cultura de uma época, em Florianópolis se usa o espaço público para, través de uma estratagema visual, enganar a população e lucrar com o dinheiro público.

Deveríamos então eleger só pessoas cultas ? Acho que algo perto disso seria o ideal.

- Mas no parlamento está representada a população. Todos os seus estames.

Me disse o jornalista Carlos Padilha outro dia. Ao que respondeu Dario de Almeida Pra do Jr.:

- No parlamento existe todo o tipo de gente. Branco, gay, negro, ladrão, honesto e desonesto. Só não tem bobo!

Tem razão o Dario, mas daí a elegermos verdadeiros ogros urbanos apenas com conciência mercantil tem um grande diferença.

Wilmor Henrique deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Cultura e ogros urbanos": Belo texto Canga!
Parabéns

Aline Graziela deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Cultura e ogros urbanos":
Fiquei pensando sobre a eleição de pessoas cultas no Brasil. FHC, até onde pesquisei, é bem culto, e não foi lá muito bom. Minha tendência é acreditar que no Brasil, as pessoas cultas, mas cultas messsssmo, não se metem na política, pq a política deste país é suja, fétida e corrompida. Se houvesse chance de uma pessoa culta, honesta, verdadeira, comprometida, entrar na política para fazer realmente o que o povo deseja, sem o partido se meter, sem os desmandos dos colegas de partido, sem os ataques dos pseudo-aliados, os cultos criariam mais coragem. Ainda na faculdade, lutando nas eleições do Diretório Acadêmico, ouvi que a política era coisa para quem tinha estômago, não era para qualquer um. De fato, em muitos casos, as tramas políticas causam ânsia. Nas eleições do próprio diretório vi coisas que me deixaram furiosa, como o roubo de projetos de outras chapas, mentiras, calúnias, etc. O jogo era sujo, muito sujo. E muitos dos que competiam naquela época hoje são vereadores em diversas cidades do estado, outros são apadrinhados de políticos influentes. O que vi naquela época se repete nas Câmaras de Vereadores, nas Assembléias Legislativas, na Câmara de Deputados, no Senado Federal, etc. Se repete na eleição de prefeitos, governadores e do próprio presidente. Também se vê sujeirada nos Tribunais Estaduais, Regionais e nos Superiores. Não existe, de fato, um comprometimento das pessoas com a função que exercem. Se houvesse comprometimento, LHS não teria renunciado antes de terminar seu mandato, e não renunciaria agora, para dar lugar ao Pavan, investigado por coisas além do nosso imaginário. Se houvesse comprometimento, Dário Berger não cogitaria a hipótese de sair como candidato a governador do Estado. Ele foi eleito para governar a capital por quatro anos, não apenas dois. Nâo há respeito com o voto recebido. Não há respeito com as promessas feitas. Não há respeito com a verdade. Moral e ética nem se fala. Ele lixo em que se transformou nossa política espanta quem realmente gostaria de fazer algo pelo bem comum, sem desvio de verbas, sem apadrinhamentos, sem promoção pessoal de políticos, etc. Será que estou errada?
Aline Graziela

5 comentários:

  1. Fiquei pensando sobre a eleição de pessoas cultas no Brasil. FHC, até onde pesquisei, é bem culto, e não foi lá muito bom. Minha tendência é acreditar que no Brasil, as pessoas cultas, mas cultas messsssmo, não se metem na política, pq a política deste país é suja, fétida e corrompida. Se houvesse chance de uma pessoa culta, honesta, verdadeira, comprometida, entrar na política para fazer realmente o que o povo deseja, sem o partido se meter, sem os desmandos dos colegas de partido, sem os ataques dos pseudo-aliados, os cultos criariam mais coragem. Ainda na faculdade, lutando nas eleições do Diretório Acadêmico, ouvi que a política era coisa para quem tinha estômago, não era para qualquer um. De fato, em muitos casos, as tramas políticas causam ânsia. Nas eleições do próprio diretório vi coisas que me deixaram furiosa, como o roubo de projetos de outras chapas, mentiras, calúnias, etc. O jogo era sujo, muito sujo. E muitos dos que competiam naquela época hoje são vereadores em diversas cidades do estado, outros são apadrinhados de políticos influentes. O que vi naquela época se repete nas Câmaras de Vereadores, nas Assembléias Legislativas, na Câmara de Deputados, no Senado Federal, etc. Se repete na eleição de prefeitos, governadores e do próprio presidente. Também se vê sujeirada nos Tribunais Estaduais, Regionais e nos Superiores. Não existe, de fato, um comprometimento das pessoas com a função que exercem. Se houvesse comprometimento, LHS não teria renunciado antes de terminar seu mandato, e não renunciaria agora, para dar lugar ao Pavan, investigado por coisas além do nosso imaginário. Se houvesse comprometimento, Dário Berger não cogitaria a hipótese de sair como candidato a governador do Estado. Ele foi eleito para governar a capital por quatro anos, não apenas dois. Nâo há respeito com o voto recebido. Não há respeito com as promessas feitas. Não há respeito com a verdade. Moral e ética nem se fala. Ele lixo em que se transformou nossa política espanta quem realmente gostaria de fazer algo pelo bem comum, sem desvio de verbas, sem apadrinhamentos, sem promoção pessoal de políticos, etc. Será que estou errada?

    Aline Graziela
    www.alingraziela.blogger.com.br

    ResponderExcluir
  2. Fiquei pensando sobre a eleição de pessoas cultas no Brasil. FHC, até onde pesquisei, é bem culto, e não foi lá muito bom. Minha tendência é acreditar que no Brasil, as pessoas cultas, mas cultas messsssmo, não se metem na política, pq a política deste país é suja, fétida e corrompida. Se houvesse chance de uma pessoa culta, honesta, verdadeira, comprometida, entrar na política para fazer realmente o que o povo deseja, sem o partido se meter, sem os desmandos dos colegas de partido, sem os ataques dos pseudo-aliados, os cultos criariam mais coragem. Ainda na faculdade, lutando nas eleições do Diretório Acadêmico, ouvi que a política era coisa para quem tinha estômago, não era para qualquer um. De fato, em muitos casos, as tramas políticas causam ânsia. Nas eleições do próprio diretório vi coisas que me deixaram furiosa, como o roubo de projetos de outras chapas, mentiras, calúnias, etc. O jogo era sujo, muito sujo. E muitos dos que competiam naquela época hoje são vereadores em diversas cidades do estado, outros são apadrinhados de políticos influentes. O que vi naquela época se repete nas Câmaras de Vereadores, nas Assembléias Legislativas, na Câmara de Deputados, no Senado Federal, etc. Se repete na eleição de prefeitos, governadores e do próprio presidente. Também se vê sujeirada nos Tribunais Estaduais, Regionais e nos Superiores. Não existe, de fato, um comprometimento das pessoas com a função que exercem. Se houvesse comprometimento, LHS não teria renunciado antes de terminar seu mandato, e não renunciaria agora, para dar lugar ao Pavan, investigado por coisas além do nosso imaginário. Se houvesse comprometimento, Dário Berger não cogitaria a hipótese de sair como candidato a governador do Estado. Ele foi eleito para governar a capital por quatro anos, não apenas dois. Não há respeito com o voto recebido. Não há respeito com as promessas feitas. Não há respeito com a verdade. Moral e ética nem se fala. Esse lixo em que se transformou nossa política espanta quem realmente gostaria de fazer algo pelo bem comum, sem desvio de verbas, sem apadrinhamentos, sem promoção pessoal de políticos, etc. Será que estou errada?

    Aline Graziela
    www.alingraziela.blogger.com.br

    ResponderExcluir
  3. Encontrei no site do Tribunal de Contas um resuminho sobre onde vai parar nosso dinheiro.

    http://www.tce.sc.gov.br/files/file/acom/para_onde_vai_n6_internet.pdf

    Na página 35 iniciam os dados do Seitec (aqueles odiados pelo Muska). Na página 40 tem o resumo dos gastos do fundo estadual de incentivo à cultura. Foram gastos, entre 2005 e 2007, R$ 54.976.020,64. Destes, R$ 132.000,00 foram destinados à Preservação e Conservação do Patrimônio, e R$ 15.000,00 para o Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. Correspondem a 0,24% e 0,03%, respectivamente, do total gasto. Não houve gasto com conservação do patrimônio em 2006 ou 2007, somente em 2005. A Orquestra Sinfônica de SC recebeu 7 vezes mais que o valor destinado à Preservação e Conservação do Patrimônio. Nada contra a Orquestra, que fique claro. Só comprova que nossos governantes gostam mais de badalar, de dar showzinho, do que de preservar nossa cultura, nosso patrimônio e nossas belezas.

    ResponderExcluir
  4. Outro dia, num sábado, abriram a ponte Hercílio Luz para as pessoas caminharem numa das cabeceiras.
    Fui lá, logo na cabeceira, antes de entrar na ponte de um lado tinha de um lado uma tv com imagens antigas da ilha e da ponte, e do outro lado algumas fotos.
    Fiquei muito impressionado com a reação positiva, curiosa, de admiração e até emocionada das pessoas, tal como eu. Alguns chegavam a tirar fotos dessas fotos.
    Como li no blog do Damiao, precisamos nos reencontrar com as origens da nossa cidade.
    Abs.,
    RCS

    ResponderExcluir