Por Olsen Jr.
De tanto ouvir a expressão quase escrevo “ta ligado”. O caso? Eu conto como o caso foi. Tem uma hora que você começa a se aporrinhar com tudo. Imagina que existe um complô não planejado, mas latente esperando pela menor distração para se impor. Não se trata de “mania de perseguição”, nem de TOC – transtorno obsessivo compulsivo, tampouco da introjeção de alguma debilidade recém descoberta ou ainda de um gene recessivo que se tenha manifestado de maneira esdrúxula.
Pensei que era uma folha colada na lataria do carro. Depois percebi que era a tinta que tinha saído. Alguém (que não sou eu) tinha feito aquilo. Um dia na oficina para por em ordem a pintura. Tempo e dinheiro que poderia ser mais bem empregados. Passam dois dias e percebo, no mesmo lado esquerdo do veículo, que um objeto contundente raspou o pára-choque enquanto o mesmo estava estacionado. Tenho que começar tudo novamente: oficina, tempo e dinheiro. Ninguém está imune às fatalidades, isso entendemos, mas deveríamos ter respeito por nós e pelos outros, por aquilo que não nos pertence.
Pago uma conta em um bistrô que frequento há muito tempo. Guardo a nota e no dia seguinte, acreditando que paguei demais, somo tudo novamente e percebo que fui lesado em R$ 33,00 (quase outra conta), reclamo e sou ressarcido com a desculpa de que foi uma falha do sistema. Dá licença, não é o homem que programa o tal sistema?
Entro em uma livraria onde centenas de livros estão em cima de várias mesas, pretensamente ao custo de R$ 9,90 a unidade, escolho vários e vou pagar. Para surpresa minha alguns estão com o preço anunciado e outros com o dobro. Chamo a atenção da moça e ela responde que em uma das mesas os preços são diferentes, bastava ler atentamente as tabuletas dispostas pelo recinto. Naturalmente para chamar os clientes, aquelas que tinham os tais “R$ 9,90” estavam em destaque e em maior número.
Você não pode abrir a guarda. Parece que todo o mundo está bancando o espertinho. A mulher te ultrapassa na rampa do shopping e você se pergunta “para que a pressa?” quando chega junto com ela no sinal que está fechado; o cara que se acha esperto por avançar pelo acostamento quando você está a mais de uma hora em fila indiana depois de um dia de trabalho, qual é a ideia?
Não tem ideia nenhuma, é falta de educação mesmo, de respeito. Ignoramos o que é a civilização porque nunca tivemos uma, e quer saber mais? Lembrei de um texto anônimo tirado de uma pichação na França em maio de 1968 (o ano que não terminou, segundo o Zuenir Ventura) “estamos diante do inimigo e o inimigo somos nós.”
Nada mais verdadeiro... E patético, acrescento!
Rapaz, não sei onde você "cata" estas ilustrações, mas tenho de valorizar esta tua obsessão. Parabéns...
ResponderExcluirAliás, é a prova de que não menti quando afirmei que era de 1968, na França...
Um abração do poeta!
Olsen Jr.