Ele compara vinho a doce derretido e Freddie Mercury. Quando sai na rua é disputado a tapa. Seus palpites provocam terremoto no estoque das lojas. Shizuku Kanzaki só existe nos quadrinhos, mas é a voz forte do vinho na Ásia
Shizuku Kanzaki prova um Bordeaux Château Mont Perat 2001.
Uma gota de suor brilha na bochecha esquerda. Guitarras, Freddie Mercury e toca-discos explodem em sua cabeça.
"Poderoso", diz ele. "Mas também tem doce derretendo, e uma ponta de acidez que pega de surpresa. É como a voz do vocalista do Queen- doce e rouca, aprisionada em ondas densas de guitarra e percussão pesada." Shizuku, um jovem japonês aspirante a sommelier surgido meio do nada quatro anos atrás, tornou-se rapidamente a voz mais influente do mercado asiático de vinhos. Comerciantes de Tóquio acompanham suas aparições semanais para ajustar os estoques. Em mercados mais novos como Taiwan e a China urbana, suas recomendações vêm fazendo adeptos do vinho na nova classe afluente. Sul-coreanos de Seul já falam com desenvoltura em terroirs e em como uma garrafa "harmoniza" com determinado prato.
Não importa que Shizuku Kanzaki seja apenas um personagem de história em quadrinhos, o herói do mangá seriado Gotas dos Deuses, criado e escrito pelos irmãos japoneses de meia-idade. Leitores asiáticos que nunca ouviram falar em Robert M. Parker Jr. escrutinam cada degustação do herói, aprendendo sobre vinhos com palavras e imagens que soariam estranhas a ouvidos tradicionalistas. A série usa imagens improváveis como o quadro Angelus, de Jean-François Millet, para explicar a riqueza de um vinho, e um pântano ao norte de Tóquio para descrever uma safra difícil, mas compensadora. "São imagens que emergem de vinhos que realmente bebemos", diz Yuko Kibaiashi, de 49 anos, criadora da série com o irmão Shin, de 46. "É como um jogo." Leia mais. Beba na fonte.
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