Canga:
Um
assunto me tira o sono. Trata-se destas famosas reformas de colegiado
que Governadores e Presidentes da República fazem antes dos processos
eleitorais. A Dilma está iniciando e o Governador Raimundo Colombo
também.
Se você tivesse uma empresa, contrataria
um profissional para gerir os negócios sabendo que ele sairia ao final
de um ano de atuação? Mesmo considerando que estes ministros,
secretários e dirigentes sejam realmente profissionais, o que não é
verdade, não me parece muito sensato interromper um processso recém
iniciado.
Na verdade, considero estas tais
reformas de colegiado uma verdadeira irresponsabilidade dos Presidentes e
Governadores, sem esquecer dos Prefeitos, é
claro. Isto deveria ser erradicado do modelo político Brasileiro.
Nomear
pessoas para um cargo na administração, sabendo de suas intenções de
concorrer nas eleições seguintes, importa nas seguintes consequencias,
ao meu ver terríveis para a democracia e para a administração pública:
1
- concede vantagem ao dirigente candidato, que os candidatos comuns
jamais terão, especialmente pelo tempo de exposição na mídia;
2
- assegura ao dirigente candidato, pela força de seu cargo e pela
pressão sobre empresas particulares vinculadas a sua gestão, a formação
de caixa para campanha, mais uma vez auferindo vantagem sobre o
candidato comum;
3 - ao ser nomeado sem ter
conhecimento sobre a área, o dirigente candidato perderá algum tempo até
se adaptar e entender os objetivos a serem alcançados e a forma de
conseguir
isso;
4 - ao administrar com foco na eleição, o
dirigente candidato provoca um processo de estaganação no órgão, uma vez
que o corpo de funcionários não acredita em eventuais projetos
propostos (Em resumo: - Se Ele vai sair, será que o próximo vai dar
continuidade a isso?);
5 - ao administrar com
foco na eleição, o dirigente candidato não tem tempo para o órgão
e comparece ao serviço de terça a quinta feira (semana Brasiliense), usa
os recursos materias e financeiros do órgão (telefone, carro e diárias)
e ainda se beneficia de toda a infraestrutura de apoio, como
secretárias, telefonistas, demais cargos em comissão auxiliares, cartões
de apresentação, fotocópias e outras, mais uma vez auferindo vantagem
sobre o candidato comum;
Poderia ficar falando horas sobre isso, mas acredito que o mais importante era
passar a idéia.
Acho que apesar de legal, devido aos atuais prazos de desincompatibilização estabelecidos, esta prática é nojenta.
Os
nossos dirigentes maiores, Presidentes e Governadores, deveriam saber o
mal que estão causando ao País e usar o poder dos votos que obtiveram
para corrigir esta prática. Só para que tenhas uma idéia, na
administração Luiz Henrique, tivemos no DETER seis Presidentes. Como uma
administração pode ter continuidade desta forma?
Veja
a incoerência. A reeleição de prefeitos, governadores e presidentes da
república foi aprovada sob a alegação de que quatro anos era pouco tempo
para implantar políticas e concluir programas. No DETER, no período
2003-2010, em média, cada um dos seis Presidentes ficou um ano e quatro
meses o poder. Fazer o que desta forma? É obvio que o objetivo
principal não é
administrar e nem isso é a preocupação de nossos dirigentes maiores.
Essa é sem dúvida uma das maiores irresponsabilidades que se pratica na nossa combalida democracia.
Pena que o Ministério Público esteja tão ausente disso tudo...
Abraço
Roberto Scalabrin
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