Recebi este texto de um engenheiro amigo, alto executivo de uma companhia petrolífera, sobre os riscos existentes hoje com a exploração de petróleo em grandes profundidades, como é o caso do pré-sal brasileiro. Os recentes vazamento de petróleo perpetrados pela norte-americana Chevron não são meros acidentes, mas parte do alto risco existente na aplicação da técnica de fragmentação hidráulica de rochas no fundo do mar.
O "fracking" da Chevron e seus riscos
Foi o que a Chevron fez, com o resultado que ficamos sabendo: aberta a fenda, começou o vazamento, que continua e que não se sabe quando poderá ser contido. As técnicas para confinar o petróleo que vaza de uma fratura na rocha ou da movimentação do solo que pode se seguir à fratura são complicadas, caras e nem sempre eficazes. Um poço convencional, quando por algum motivo vaza (como na costa da Louisiana), pode ser difícil de fechar, mas é um ponto identificado de vazamento. O que ocorreu nas costas do Brasil é muito mais complicado. Mas não é o único caso. Em várias partes do mundo, atrás do petróleo cada vez mais escondido, estão usando essa técnica de injetar líquidos sob pressão para fraturar a rocha.
O vazamento provocado pela exploração da Chevron não está controlado. Continua vazando (este texto foi escrito em fevereiro de 2012). Em várias empresas ligadas à exploração de petróleo ao redor do mundo, essa informação circula sem questionamentos. Mas a imprensa brasileira parece não ter muito interesse em mostrar como funciona o fracking, onde está sendo usado, os acidentes, os problemas, a luta de entidades ambientais para mostrar que o fracking está contaminando o lençol freático (nos Estados Unidos).
E que o acidente no poço da Chevron não foi só um acidente: foi um percalço numa exploração de risco calculado. O que aconteceu poderia acontecer. Tinha uma certa probabilidade de ocorrer, porque não existe maneira de alcançar, sem riscos cada vez maiores, o petróleo cada vez mais difícil.
Bom, para um país que está colocando tanta expectativa na exploração de um dificílimo e caro petróleo no pré-sal, tratar desses assuntos aparentemente técnicos não só é relevante, como urgente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário