Por Marcos Bayer
“Na celebração dos 90 nos do PC do B, José Sarney contou também sobre sua relação com os comunistas desde a infância em sua casa, sua família e na escola, entre outros episódios, com a sua professora, Mãesinha Mochel, da tradicional família Mochel, de conhecidos idealistas e esquerdistas” informa o blog do Décio. Este discurso comprova dois fatos: que Sarney é comunista ferrenho visto que não larga o poder desde 1955 quando foi eleito deputado federal. São 57 anos no poder e ao lado do poder. Nikita Kruschev governou a URSS de 1953 até 1964, apenas. O outro fato, já comprovado, é que Sarney brincava com bolinhas de plástico vermelhas. Inclusive, em suas festas de aniversário, exigia de sua mãe, Dona Kiola, balões e velas vermelhas para a decoração do bolo e das amplas salas de sua morada. Vem daí sua admiração pelo comunismo.
Além dos tapetes vermelhos, claro. Enquanto isto, um ex-funcionário do Banco do Brasil, que virou ministro da fazenda do Sarney e depois consultor de empresas, especialista na obtenção de recursos de bancos governamentais para empresas abaladas por qualquer razão, diz em manchete de jornal catarinense: “Novo ICMS é ruim para o país e pior para SC”. Posiciona-se contra a unificação das alíquotas estaduais. Além de representar sua opinião, a afirmação é um grande lobby. Noutra ponta, o presidente da FIESC parabeniza e lamenta, com cópia à ministra da secretaria das relações institucionais, o desconvite às empresas catarinenses na reunião sobre a desindustrialização. Ninguém lembra de que foi o advogado Aldo Hey Neto, preso pela Polícia Federal em agosto de 2006, acusado de algumas traquinagens na secretaria da fazenda estadual, entre elas a venda de benefícios fiscais, cujos lucros, em parte, foram encontrados numa maleta, num apto em Jurerê, recheada de dólares, libras, reais e dois vibradores. Presume-se que os últimos fossem para estimular os negócios das partes. Foi ele, um misto de mago e engolidor, quem concebeu o fantástico ralo por onde foi escoada, no ano passado, a quantia de R$ 4,2 bilhões de reais em razão da tarifa especial de ICMS de SC para as importações. Este programa, denominado “Pró-emprego”, antes Compex, foi uma de suas contribuições ao governo de Luiz Henrique da Silveira. Entre os anos de 2003 e 2011, as importações nos portos de Itajaí e Navegantes, aumentaram em cinco vezes. E, dizem os estudos, que os empregos cresceram em 195%, ou seja, 18 mil empregos. Não se especifica que tipo de emprego nem quais os salários. Mas, sabe-se que dentre os setecentos escritórios credenciados para a promoção das importações, estão amigos e filhos de amigos do então governador visionário, que embora oblíquo, foi capaz de contribuir definitivamente para a atual desindustrialização de Santa Catarina. Também não se fala em quantas empresas fecharam e quantos catarinenses foram demitidos em razão desta aventura incestuosa entre Joinville e Curitiba, a cidade do mago engolidor.
Nada contra as preferencias do mago em relação aos seus objetos lúdicos. Mas, total reprovação aos atos contra a economia catarinense. Vale lembrar que este estado é dotado de uma capacidade fenomenal para produzir. Tem uma indústria exemplar, com padrões similares aos melhores do mundo. Tem um caráter empresarial que emociona e empolga gerações com histórias que vão desde os dois peixinhos até as perdizes do campo. Santa Catarina tem dois tipos de empresários: os que trabalham e sabem fazer e os que sugam, com autorização do governo, recursos que pertencem ao povo. Os primeiros pagam pesados tributos e honram com suas marcas a produção nacional. Os segundos sonegam e vivem de facilidades temporárias, cujo legado e nem o exemplo poderão ser úteis aos seus filhos. Este é o debate que evitam fazer.
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