Por Olsen Jr.
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Todo mundo conhece aquela história do Monteiro Lobato “O Reformador do Mundo” em que um sujeito via defeito em tudo na natureza. Um dia, ao observar um pé de abóbora, acreditou ter a confirmação de sua teoria, ”vejam aqui, dizia, uma plantinha frágil como essa e olha só os frutos, enormes... Já aquele coqueiro, uma árvore poderosa e olha as frutinhas que ela gera, não digo mesmo, está tudo errado no mundo”.
Depois, como estava cansado, aproveitou para se deitar embaixo da sombra do coqueiro. Lá pelas tantas, acordou com um coquinho que tinha caído em cima de sua cabeça e logo veio a sua mente as abóboras, se fosse como ele tinha imaginado, provavelmente naquele momento, com um daqueles frutos em cima da cabeça, uma queda de dez metros, estaria morto, e claro, não poderia reclamar mais, e pensando bem, “nem tudo estava desconcertado no mundo”.
Quando se é guri, esse é um hábito pertinente. Seria estranho se tal não acontecesse. Leva-se muito tempo para descobrir, como me alertou o Sérgio Zanin, um colega de internato, ele quando me via muito inquieto dizia “não esqueça de que o direito do anzol é ser torto”. Lembro disso todas as vezes que me vem esse espírito insurgente pretendendo arregaçar as mangas e sair por aí “querendo mudar tudo”.
O crítico H. L. Mencken afirmava: “Toda pessoa normal se sente tentada, de vez em quando, a cuspir nas mãos, içar a bandeira negra e sair por aí cortando gargantas”.
De repente, o cidadão comum começa a constatar que só a “patifaria” é premiada. Aquela senhora que no auge do desespero se apropriou de um pote de margarina (menos de dois reais) na mercearia, é trancafiada imediatamente, sem maiores análises de circunstâncias, causa e efeito, dano e consequencia... O outro, empresário posudo, depois de muitos anos edulcorando a armadilha, acaba lesando um número grande de pessoas, contrata meia dúzia de advogados e passa a desafiar a lei em liberdade e com certo prestígio confirmando a tese de quando se pode pagar “alguns espertalhões formados em direito” a “boa causa” pode ser levada adiante.
Aí o sujeito tem vontade de gritar, de xingar, de se valer até de uma linguagem pouco apropriada para pessoas que convivem em sociedade porque, como lembrou o escritor Mark Twain “Em certas circunstâncias, um palavrão provoca um alívio inatingível até pela oração”.
Então, foi com este espírito que nasceu o blog tijoladasdomosquito, leia-se Amilton Alexandre, e que depois se transformou num site e que é acessado por 160 mil leitores, possui mais de um milhão de páginas visitadas, mais de 2.100 comentários e, em média, 650 visitas diárias (40% de leitores da grande Florianópolis) também é lido em 37 países em mais de 500 cidades, do Brasil e do exterior. Começou como uma brincadeira em setembro de 2008 e já acumula 18 processos por “atentado a honra”. No fundo, diz o “Mosquito” (apelido carinhoso que ganhou no tempo de universidade) “só querem calar a minha boca”. Mas como afirma o advogado criminalista Edison da Silva Jardim Filho, do “Tijoladas”, “só pode alegar defesa da honra quem tem honra para defender”, o que não é o caso da maioria dos denunciados, pessoas, fatos e feitos.
Com uma dedicação de cerca de dez horas diárias, trabalho feito unicamente por ele, sem apoio de ONGs, partidos políticos, seitas ou igrejas, se mantém com a vendas de camisetas que promovem o site e de modestos aportes em forma de publicidade, feitos por amigos.
Todas as denúncias são apontadas ali sem meias palavras, aliás, são palavras inteiras, na verdade, palavrões e isso nada têm a ver com uma palavra grande a semelhança de “inconstitucionalissimamente”, por exemplo, até ontem a maior palavra do idioma português. Só vendo mesmo, e claro, contextualizando sempre para que se possa aquilatar o sentido de cada uma mais próximo da realidade que cada uma delas nomeia.
Aqui a “etiqueta social” e os bons costumes foram eliminados em favor da vida como ela é, sem eufemismos e nem metáforas prestigiando a objetividade e clarividência; sem misticismos também, ah! Quase esqueço, o “politicamente correto” foi escanteado por tratar-se de uma contradição em termos, uma vez que o que mais se denuncia é a incorreção dos políticos, o que você mesmo pode constatar lendo o “tijoladas do mosquito”, como sugere o nome, um lugar onde até os afagos são pesados e se funciona, não conserte, é o lema!
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