A Revista Naipe levou esta cisma para a Lagoa em horário comercial: como se aderir à arte de nada fazer?
O que fazem os que nada fazem? Foi a questão que intrigou a Naipe ontem, terça-feira prolongadamente ensolarada em Florianópolis, o inverno soprando mais de leve, o dia perfeito te fazendo sentir um homúnculo por ter que trabalhar.
Por que, santo Domenico di Masi, você está no escritório enquanto alguém passeia com o cachorro às 15h pela beira da Lagoa da Conceição? Como é que há tantas pessoas livres à tarde? Claro, há muitos estudantes, aposentados, turistas, mendigos, donas de casa, gente que só trabalha pela manhã e...
A questão está nesse "e...". Quem é aquele sujeito classe média que tem a empáfia contracultural de levar os filhos para o parquinho, fazer compras, lagartear em frente ao prédio em que você se mata das 9h às 18h?
Vejamos Rafael de Campos, por exemplo. Terno e sapato social na Joaquina às duas da tarde. Paulistano que mora na ilha há oito meses, ele trabalha com tecnologia da informação em seu home office no Córrego Grande - palavras mágicas, "home office", "tecnologia da iformação".
Na hora do almoço, o boludo costuma escapulir para a praia, às vezes até surfa. É o típico imigrante de São Paulo living-the-Floripa-dream: "Dá tranquilo de vir à praia, duas horas de almoço é muito tempo, é só se organizar".
O alemão Dirk também está vivendo o sonho, sentadão em um banco de praça enquanto observa a filha brincar no parquinho. "Eu podia ter mais dinheiro e trabalhar mais por isso, mas por quê? A vida é feita de escolhas", filosofa, dizendo o que arrepia muito executivo. Típico jeitão de alternativo que há muito adotou o Brasil, Dirk já morou em Londres e Munique, cansou da vida metropolitana e hoje vive dos aluguéis de casas que construiu ou comprou. Sorri deliciado por poder passar a tarde flanando com a camiseta levantada para pegar sol na barriga. “Vida boa”, resume. Leia mais. Beba na fonte.
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