segunda-feira, 18 de maio de 2009

Belo dia para enterrar alguém !


Não sei de onde mas já escutei esta frase. E o belo dia de hoje me serviu para enterrar alguém. O Seo Adão. Pai de um amigo meu desde os tempos de 88 quando estava no Jornal de Santa Catarina em Blumenau.
Ontem, domingo, chegando em casa por volta da meia noite encontrei o amigo na porta da Capelinha do Campeche, onde se velam os mortos da região. Casualmente a Capelinha fica bem em frente à entrada da minha servidão. Nenhum defunto me escapa.
Fiquei com o amigo até por volta das 3 horas e depois fui dormir. Hoje cedo fui ajudá-lo a enterrar o pai. Dia lindo de outono, um leve vento norte entrando e lá estávamos nós ao lado do Seo João.
Sempre tive uma relação perto/distante com a morte. Perto por que já passei por várias ocasiões em que achei que a minha hora tinha chegado. Guando guri despenquei de cima da casa, tomei Q-Boa e caí na ponta dos Molhes da Praia do Cassino, 3.800 metros mar adentro. Foi a pior situação que enfrentei, na época, e achei que ía pro vinagre. Me escapei.
Mais tarde, gurizote, tive alguns acidentes de carros bastante graves, também escapei, Chamuscado mas escapei.
Já grandote, metido em militâncias clandestinas enfrentei situações no Paraguai e na Argentina que também senti a "implacável" bem perto. Coisas bem mais sérias que acidentes de carros. As vezes que senti medo da morte na vida estavam aí nestes acontecimentos.
Por outro lado tive apenas uma situação de morte na família que acompanhei. Foi a de meu pai que morreu segurando a minha mão. Uma coisa tranquila, apenas senti uma energia que me escapou por entre os dedos e quando olhei não era mais meu pai que estava ali. Situação estranha.
Hoje ao lado do amigo aqui no Campeche, olhando o seu pai no caixão não consegui sentir muita coisa no sentido de entender a vida através da morte. Ali, apenas um corpo sem vida que levamos e enterramos em um belo lugar com vista para o mar.

Um comentário:

  1. Muito bom. Canga, meu último contato com a morte foi igual, não mais uma família inteira em caixas de madeira, parentes próximos. Apenas corpos, não consegui sentir muita coisa e muito menos entender o que estava acontecendo, sem lágrimas, só conseguia observar a reação dos que estavam em volta.

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