Por Emanuel Medeiros Vieira
Daqui da velha Bahia, os informes que recebo da Ilha parecem trechos do Apocalipse.
Exemplos: estaleiro, pretendida destruição do Farol de Santa Marta.
É o império da pecúnia e dos vis capitalistas tupiniquins, apoiados por gente que teria obrigação de defender a vida.
Não, não foi essa Ilha em que nasci.
Tanta "modernidade" para o triunfo da morte e da cobiça?
É claro, minha abordagem, não é técnica.
"Papo de saudosista", dirão os defensores da morte.
Não é nostalgia.
O quero dizer?
O que percebo aí, aqui em Salvador (com construtoras, em conluio com a prefeitura e muita corrupção), é a destruição do resto da mata atlântica, para a edificação de prédios horrorosos em benefício de alienados novos-ricos; para isso, um suspeitíssimo Plano Diretor foi aprovado (em troca do vil metal) e está sendo questionado pelo Ministério Público e pelos órgãos ambientais), e em outros lugares, é a negação da vida e a destruição do humano.
É uma luta dura? É. Mas não podemos desistir.
Não querem mais vidas, mas robôs.
É o império da feiúra e a destruição da natureza em função de uma suposta "modernidade".
É um dos efeitos da globalização excludente, de um tipo de uniformidade (que nunca é igualdade) em detrimento dos valores maiores da civilização.
È a volta da barbárie travestida de muito dinheiro, trajes chics celulares da última geração e gerentões soberbos.
Não bastaram todos os aterros, todos os túneis, toda a poluição?
Como será trilhada nossa caminhada no planeta?
Outros escreverão tecnicamente.
A minha palavra é em favor da ilha.
Para ser universal, antes é preciso ser local, muitos já disseram antes de mim.
Que todos se mobilizem!
Pois nunca podemos subestimar a força do Mal.
Nunca!
A beleza ajuda-nos a viver de maneira mais plena.
Qual a meta da vida?
O filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard (precursos dos existencialistas) dizia que é "preciso ser o eu que verdadeiramente se é".
Com a negação externa das condições existenciais, essa plenitude do ser não poderá ocorrer.
A psicologia da individuação revela que a meta desse processo que leva ao ser total não é a PERFEIÇÃO, MAS SIM A PLENITUDE.
Lembro-me de um verso de John Keats (1795-1821), poeta inglês que morreu pobre e tuberculoso aos 26 anos:
"Tudo o que é belo, é uma alegria para sempre."
Em inglês: "A thing of beauty is a joy forever."
Serão tiradas toda a beleza e toda a alegria em função do deus da pecúnia?
Até quando?
Só o combate aos podres poderes poderá nos dar a resposta.
É mais importante pegar na flecha que acertar no alvo.
Salvador, julho de 2010
Renato deixou um novo comentário sobre a sua postagem "A DESTRUIÇÃO DA VIDA E DO HUMANO": Que belos e definitivos, texto e insights. Parabéns Emanuel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário