Por Janer Cristaldo
Quando comecei a trabalhar na Folha de São Paulo, em 1990, Fidel Castro ainda era presidente de Cuba. Ai do jornalista que ousasse chamá-lo de ditador. Havia discussões bizantinas na redação, sobre as sutis diferenças entre presidente e ditador, mas acabava sempre prevalecendo o presidente Fidel Castro. Na época, tanto Kadafi como Osni Mubarak também eram considerados presidentes. Hoje, os jornalistas enchem a boca com a palavra ditador, ao referir-se a estes ditadores.
Os tempos mudaram. Foi preciso cair o Muro, dissolver-se a URSS e desmoronar o comunismo para os jornalistas chamarem os bois pelo nome. Mas, objetareis, que têm a ver Kadafi ou Mubarak com comunismo? A rigor, nada. Mas se mantém uma política anti-ocidente, são potencialmente aliados dos comunistas. Ainda hoje, há muito jornalista que se pretende comunista e chama Ahmadinejad de presidente.
Os tempos mudaram, dizia. Mas não em Cuba. Em artigo para o Estadão, Yoani Sanchez – a assim chamada blogueira cubana – comenta a visita de João Paulo II a Cuba, em 1998. “Uma verdadeira avalanche de brincadeiras e histórias satíricas teve como protagonista tanto o próprio papa quanto o então presidente Fidel Castro”. Castro estava já há 38 anos no poder e, para a blogueira, ainda hoje é presidente. A imprensa tupiniquim, pelo menos, evoluiu um pouco.
Há horas venho suspeitando dessa moça, que faz oposição ao regime cubano com um blog que administra a partir de Havana, onde vive livre como um passarinho. Consta que seu blog é traduzido em 18 idiomas, o que é um feito e tanto para uma blogueira que se pretende independente. O fato de qualificar Castro como presidente, hoje, no Estadão, é significativo. Será que a moça ainda não percebeu que viveu toda sua vida numa ditadura?
Confesso não ter dados para afirmar qualquer coisa a respeito da moça. Em falta destes, transcrevo abaixo artigo que me foi enviado por mãos amigas, de Salim Lamrani, ensaísta francês, professor da Universidade de Paris-Sorbonne e da Université Paris-Est Marne-la-Vallée. Vendo pelo que comprei. Não tenho como avaliar a veracidade dos dados levantados pelo autor. Seja como for, uma entrevista de Yoani Sánchez feita por Lamrani no primeiro trimestre do ano passado, é bastante significativa. A todo momento, a blogueira se esquiva ao responder às perguntas. Com o leitor, as conclusões:
http://agencianota.blogspot.com/2012/02/entrevista-com-yoani-sanchez-por-salim.html
QUEM ESTÁ POR TRÁS DE YOANI SÁNCHEZ
Salim Lamrani
Yoani Sánchez, famosa blogueira cubana, é uma personagem peculiar no universo da dissidência cubana. Nenhum opositor foi beneficiado a exposição midiática tão massiva, nem de um reconhecimento internacional semelhante em tão pouco tempo. Após emigrar para a Suíça em 2002, ela decidiu retornar a Cuba dois anos depois, em 2004. Em 2007, integrou o universo de opositores a Cuba ao criar seu blog “Generación Y”, e se torna uma crítica feroz ao governo de Havana. Leia tudo. Beba na fonte.
L.A. deixou um novo comentário sobre a sua postagem "A BLOGUEIRA CUBANA": Yoani Sánchez cheira a farsa, só não se sabe para qual lado da balança pende. O Janer deixa claro e, num mundo onde tudo é possível na fabricação de "notícias", nada se duvida. Brava lembrança, Canga.
Cosmonauta deixou um novo comentário sobre a sua postagem "A BLOGUEIRA CUBANA": Interessante o tema e muito a propósito, Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo também não são chamados de ditadores pelo PIG. Pelo menos no Brasil não chamamos mais ditadura de "revolução".
Ano passado, conheci em Porto Alegre num encontro de blogueiros realizada nas dependências do Legislativo Municipal a jornalista cubana Norelys Morales, editora do blog http://islamiacu.blogspot.com/. Conversamos por algumas horas e soube que a blogueira Yoani é uma fraude que serve aos interesses dos americanos do norte.Disto eu já desconfiava.
ResponderExcluirInteressante o tema e muito a propósito, Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo também não são chamados de ditadores pelo PIG. Pelo menos no Brasil não chamamos mais ditadura de "revolução".
ResponderExcluirYoani Sánchez cheira a farsa, só não se sabe para qual lado da balança pende. O Janer deixa claro e, num mundo onde tudo é possível na fabricação de "notícias", nada se duvida. Brava lembrança, Canga.
ResponderExcluirÉ fácil entender e explicar o comportamento de alguém "preso" - não me refiro aos das masmorras -em Cuba, desde que se esteja do lado de cá do mar. Ou alguém acredita que se alguém chamar Fidel de ditador continuará livre leve e solto?
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