Por Olsen Jr.
Foi necessária a morte da mulher que amei quando tinha 13 anos para fazer aquela catarse. “Baixou o santo” - como se diz – e o livro se escreveu em menos de três meses. Precisava dizer o que disse sob pena de não escrever mais. Dê liberdade para os personagens e “eles” se definem.
Well, estou autografando o romance “Memórias de um Fingidor”, na verdade eu deveria conseguir um “sósia” para fazer isso. O que gostaria mesmo era de estar misturado com toda aquela gente, espiando um grupo aqui e outro ali, dando uns “pitacos” nesse ou naquele assunto, beliscando um salgadinho, bebericando um chope, experimentando o espumante, provando da cachaça açoriana ou a mineira, testando o uísque ou até, se duvidassem, tomando um gole de água para não confundir os sabores. A presença dos amigos era um tributo ao trabalho do artífice e o autógrafo o reconhecimento deste vínculo afetivo que se multiplica de maneira inexplicável.
Num gesto de grandeza recebo um abraço de Péricles Prade, uma amizade de 35 anos que havia sido interrompida por um mal entendido. Efeito da reconciliação - sinto-me mais leve. Repito as palavras de Nelson Rodrigues “Nada mais doce, nada mais terno do que a amizade de um ex-inimigo”... O jurista me corrige afirmando que “nesse caso o “Ex” não se aplicava uma vez que nunca fomos inimigos”... Depois daquele aperto de mão, a vida seguiu melhor...
Sigo o protocolo de receber os convidados: “Estou aqui representando o restaurante Estação Lagoa” - disse alguém; “venho em nome da Confraria das Artes” – afirma outro; e assim vão desfilando os emissários das Instituições Boêmias que frequento, Cantina da Freguesia, Café da Lagoa, Empório Mineiro, Chico’s Bar, Marina do Fedoca, Kibelândia... Quando não eram os proprietários, os garçons se encarregavam de se fazer presentes...
Lembrei da morte de Jean-Paul Sartre em 1980, quando o féretro acompanhado por mais de 50 mil pessoas, fora do trajeto normal até o Cemitério de Montparnasse, passando em frente dos bares que ele freqüentava, encontrava as portas à meia altura e os garçons perfilados prestando a derradeira homenagem ao seu mais famoso cliente...
Menos pela notoriedade, passageira e enganadora, mas por toda aquela gente leal, educada, fraterna, uma compensação pela indigência do cotidiano do qual – naquele momento – estávamos ausentes. Por isso já teria valido a pena, mas eram os garçons ali, adquirindo o livro – prova inequívoca de apreço – que me sensibilizou mais... Aliás, aos garçons, os únicos homens da minha vida, meu agradecimento e dedicação eterna!
Foi necessária a morte da mulher que amei quando tinha 13 anos para fazer aquela catarse. “Baixou o santo” - como se diz – e o livro se escreveu em menos de três meses. Precisava dizer o que disse sob pena de não escrever mais. Dê liberdade para os personagens e “eles” se definem.
Well, estou autografando o romance “Memórias de um Fingidor”, na verdade eu deveria conseguir um “sósia” para fazer isso. O que gostaria mesmo era de estar misturado com toda aquela gente, espiando um grupo aqui e outro ali, dando uns “pitacos” nesse ou naquele assunto, beliscando um salgadinho, bebericando um chope, experimentando o espumante, provando da cachaça açoriana ou a mineira, testando o uísque ou até, se duvidassem, tomando um gole de água para não confundir os sabores. A presença dos amigos era um tributo ao trabalho do artífice e o autógrafo o reconhecimento deste vínculo afetivo que se multiplica de maneira inexplicável.
Num gesto de grandeza recebo um abraço de Péricles Prade, uma amizade de 35 anos que havia sido interrompida por um mal entendido. Efeito da reconciliação - sinto-me mais leve. Repito as palavras de Nelson Rodrigues “Nada mais doce, nada mais terno do que a amizade de um ex-inimigo”... O jurista me corrige afirmando que “nesse caso o “Ex” não se aplicava uma vez que nunca fomos inimigos”... Depois daquele aperto de mão, a vida seguiu melhor...
Sigo o protocolo de receber os convidados: “Estou aqui representando o restaurante Estação Lagoa” - disse alguém; “venho em nome da Confraria das Artes” – afirma outro; e assim vão desfilando os emissários das Instituições Boêmias que frequento, Cantina da Freguesia, Café da Lagoa, Empório Mineiro, Chico’s Bar, Marina do Fedoca, Kibelândia... Quando não eram os proprietários, os garçons se encarregavam de se fazer presentes...
Lembrei da morte de Jean-Paul Sartre em 1980, quando o féretro acompanhado por mais de 50 mil pessoas, fora do trajeto normal até o Cemitério de Montparnasse, passando em frente dos bares que ele freqüentava, encontrava as portas à meia altura e os garçons perfilados prestando a derradeira homenagem ao seu mais famoso cliente...
Menos pela notoriedade, passageira e enganadora, mas por toda aquela gente leal, educada, fraterna, uma compensação pela indigência do cotidiano do qual – naquele momento – estávamos ausentes. Por isso já teria valido a pena, mas eram os garçons ali, adquirindo o livro – prova inequívoca de apreço – que me sensibilizou mais... Aliás, aos garçons, os únicos homens da minha vida, meu agradecimento e dedicação eterna!
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