domingo, 19 de dezembro de 2010

A ÚNICA INOVAÇÃO

Por Edison da Silva Jardim Filho
A corrupção que permeia a política e a administração pública brasileiras; o descolamento dos mandatos eletivos não somente do eleitorado que os constitui, mas também dos filiados e militantes dos partidos políticos; e o poder acachapante das oligarquias partidárias; em suma, o desempenho deplorável, no Brasil, das duas instituições que levam, diretamente, ao bom ou ao mau funcionamento da democracia em qualquer país do mundo, que são os partidos políticos e a representação popular; tudo isso está cristalino na recém-concluída montagem do futuro Governo do Estado, como as águas da nascente do rio dos Pinheiros, em Anitápolis, que a multinacional Bunge iria poluir sob os auspícios do Governo Luiz Henrique da Silveira.
Entretanto, alguns fatos e situações me chamaram mais a atenção nesse processo. Por exemplo: o que poderia ter impedido o vice-governador Eduardo Pinho Moreira, médico que é, de assumir a Secretaria da Saúde, e, assim, corrigir os problemas crônicos da área mais sensível de qualquer Governo nos três níveis federativos, principalmente porque essa promessa foi a principal razão da vitória de Raimundo Colombo, já no primeiro turno eleitoral? Por que é que o vice-governador Eduardo Moreira, depois de ter deitado raízes por um longo tempo na CELESC, mira, agora, através do seu sempre lugar-tenente, Paulo Meller, na direção do DEINFRA, órgão resultante da fusão do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Santa Catarina- DER, com o Departamento de Edificações e Obras Hidráulicas- DEOH? O que poderia ter levado João Rodrigues e Marco Tebaldi, que acabaram de obter o primeiro mandato de deputado federal, a abdicarem do seu exercício para ocupar, respectivamente, as Secretarias da Agricultura e Desenvolvimento Rural e da Educação? O que poderia levar o senador da República, Paulo Bauer, a quase obter o cargo de secretário da Educação pela terceira ou quarta vez, ao invés de “brilhar” na tribuna da Câmara Alta do Congresso Nacional, “rivalizando” com o seu colega de bancada do PSDB e exímio argumentador, o senador pelo vizinho Estado do Paraná, Álvaro Dias? Os jornais informaram que seria um orçamento, para o próximo ano, em torno de R$ 2,69 bilhões. O maior partido, há muito tempo, de Santa Catarina: o PMDB, não tinha como lançar mão de um advogado militante à altura de ocupar o cargo de secretário da Justiça e Cidadania? Salta aos olhos a competência dos políticos catarinenses, de que é prova a grande quantidade de suas especializações técnicas. Dalírio Beber irá do BADESC para a CASAN. Antônio Gavazzoni irá da Secretaria da Fazenda para a CELESC. Enio Andrade Branco, depois de ter sido secretário da Casa Civil, de Governo e de Comunicação, e ocupado a presidência ou diretoria da CODESC, FUCADESC, TELESC, DETER, CELESC, CELG (Companhia Energética de Goiás) e, mais recentemente, uma assessoria na Prefeitura de São Paulo, desembarcou em Florianópolis como o futuro presidente da CASAN, terminando no comando da SC Parcerias. Confrontado com denúncias feitas pelo sindicato dos empregados da CASAN, Enio Branco rebateu-as afirmando que exerceu a presidência da CELG na condição de técnico. Os políticos criam o mundo do faz de conta e querem, a todo custo, nos fazer acreditar que ele, realmente, existe. Antônio Gavazzoni, ao obter, do futuro governador Raimundo Colombo, a indicação de todos os diretores da CELESC, egressos dos quadros da Secretaria da Fazenda, declarou que fará uma administração técnica na maior estatal catarinense. Como se tal iconoclastia fosse permitida a um prócer do DEM e, ainda por cima, cunhado do presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Gelson Merísio. A postura concentracionista do: ou eu, ou o meu “único” amigo-irmão (Paulo Meller; Milton Martini- futuro secretário da Administração-, em relação ao ex-governador Paulo Afonso Vieira), ou o meu filho (Filipe Mello, em relação ao deputado federal Jorginho Mello), só pode revelar, ao analista que enxergue um palmo à sua frente, as reais intenções dos políticos com a ocupação dos cargos públicos.
No frigir dos ovos, sabem qual foi a única escolha de secretário que eu achei inovadora, na montagem do Governo do Estado que tomará posse no dia 1º de janeiro próximo? Sinceramente: a do deputado federal Paulinho Bornhausen, para ocupar a Secretaria de Desenvolvimento Econômico! 

Meus caros amigos Zé Henrique e Padilha,
É uma grande honra tê-los como meus leitores, pela respeitabilidade moral e intelectual de ambos.
Mas chamo a atenção dos dois para o fato de que o significado das palavras e frases num texto depende do seu contexto. A mensagem do artigo é que a obviedade das escolhas foi tamanha, segundo as regras impatrióticas que regem há muito tempo a política brasileira, que a indicação do filho do dono do partido do futuro governador para secretário, constituiu-se na novidade, porque, como é sabido, ele vinha resistindo à ideia de assumir cargo no Poder Executivo.
Edison da Silva Jardim Filho 



Jose Henrique Orofino da Luz Fontes deixou um novo comentário sobre a sua postagem "A ÚNICA INOVAÇÃO": Também lamento que o Deputado Paulo Bornhausen tenha abandonado a luta, foi por sua postura irretocável na oposição que levou meu voto. Lamentável.

L.C.P. deixou um novo comentário sobre a sua postagem "A ÚNICA INOVAÇÃO": Vinhas tão bem na tua análise, mas no final deste uma derrapada daquelas: Paulinho Bornhausen como "única escolha inovadora" do secretariado de Colombo foi de doer, meu caro dr. Edison. Com status de super secretário, o filho do Kaiser vai deitar e rolar em nome da oligarquia que ele representa. Sem dizer que o deputado Paulinho, ferrenho crítico do governo Lula e Dilma, fugiu do embate que deveria travar na Cãmara Federal como oposição ao governo que tanto abomina.
No mais, sua análise é muito coerente com os fatos.
Luiz Carlos Padilha

3 comentários:

  1. Vinhas tão bem na tua análise, mas no final deste uma derrapada daquelas: Paulinho Bornhausen como "única escolha inovadora" do secretariado de Colombo foi de doer, meu caro dr. Edison. Com status de super secretário, o filho do Kaiser vai deitar e rolar em nome da oligarquia que ele representa. Sem dizer que o deputado Paulinho, ferrenho crítico do governo Lula e Dilma, fugiu do embate que deveria travar na Cãmara Federal como oposição ao governo que tanto abomina.

    No mais, sua análise é muito coerente com os fatos.

    Luiz Carlos Padilha

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  2. Também lamento que o Deputado Paulo Bornhausen tenha abandonado a luta, foi por sua postura irretocável na oposição que levou meu voto. Lamentável.

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  3. Meus caros amigos Zé Henrique e Padilha,

    É uma grande honra tê-los como meus leitores, pela respeitabilidade moral e intelectual de ambos.

    Mas chamo a atenção dos dois para o fato de que o significado das palavras e frases num texto depende do seu contexto. A mensagem do artigo é que a obviedade das escolhas foi tamanha, segundo as regras impatrióticas que regem há muito tempo a política brasileira, que a indicação do filho do dono do partido do futuro governador para secretário, constituiu-se na novidade, porque, como é sabido, ele vinha resistindo à ideia de assumir cargo no Poder Executivo.

    Edison da Silva Jardim Filho

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