No fundo, no fundo mesmo, não seria exagerado afirmar que toda literatura é de auto-ajuda. Lemos por lazer, mas também para entender o mundo e a nós mesmos. Costumo afirmar que fora da leitura não há salvação. Só há uma maneira de conhecer. Não é ouvindo rádio ou assistindo televisão. É lendo.
Convencionou-se no entanto chamar de auto-ajuda essa literatura vagabunda, que visa conciliar o leitor consigo mesmo, apelando a pieguices morais ou religiosas. São livros que louvam como suprema virtude suas deficiências e as definem como sábias regras de vida. Sem ir mais longe, Lair Ribeiro, Paulo Coelho, Gabriel Chalita.
Estes senhores tiveram precursores ilustres, como Carlos Castañeda, Lobsang Rampa, Dalai Lama, autores que geralmente falsificam suas biografias. Castañeda se pretendia mexicano e teria tido uma iniciação mística com um xamã chamado Don Juan Matus, índio da tribo yaqui do deserto de Sonora, no México. Enganou meio mundo, foi best-seller e vendeu horrores, entre eles A Erva do Diabo, que se tornou um best-seller entre os hippies e no dito mundo da contracultura. Castañeda se tornou um guru da nova era e criou legiões de admiradores que queriam, por conta própria, reviver as experiências descritas no livro. Caiu em decadência quando se descobriu que era um brasileirinho de Mairiporã, aqui ao lado de São Paulo. Guru brasileiro não convence.
Lobsang Rampa teve grande fortuna no Brasil, com seu livro A Terceira Visão. Alegava ter sido um lama tibetano e ter vivido a maior parte de sua vida no Tibete. Na verdade, era o pseudónimo de Cyril Hoskins, escritor que jamais saiu das Ilhas Britânicas. Dizia ter adquirido conhecimento suficiente no Tibete para poder transmitir-nos nas suas obras. Seus livros tratavam do lamaísmo tibetano e vigarices outras, como viagem astral e o poder da mente. Leia artigo completo. Beba na fonte.
Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "CRONISTA REVELA IGNORÂNCIA ATROZ": O artigo do Janer, demolidor como sempre, mostra mais uma vez como as pessoas são ávidas por soluções aos seus conflitos. É da natureza humana a dúvida, a insegurança e o medo do desconhecido.
Somente encarando tais circunstancias para superá-las. Não há oráculo que anteveja, nem em Delphos.
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