"Há já muitos anos atrás, eu tinha sabido que era necessário pôr, no mesmo saco, os católicos, os freudianos, os marxistas e os patriotas. Quero dizer: quem quer que tivesse fé, não importa em que coisa; quem quer que opine, saiba ou atue, repetindo pensamentos aprendidos ou herdados. Um homem com fé é mais perigoso que um animal com fome. A fé os obriga à ação, à injustiça, ao mal; é bom escutá-los concordando, medir, em silêncio cauteloso e cortês, a intensidade de suas lepras e dar-lhes sempre razão. E a fé pode ser posta e atiçada no mais desdenhável e subjetivo. Na alternante mulher amada, num cão, num time de futebol, num número de roleta, na vocação de toda uma vida. (...) Um homem contaminado por qualquer classe de fé chega a velozmente a confundi-la consigo mesmo; é a vaidade, então, que ataca e se defende. Com a ajuda de Deus, é melhor não os encontrar no caminho; com a própria ajuda, é melhor mudar da calçada".
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