Participei do CPC (Centro Popular de Cultura) da UNE (União Nacional dos Estudantes), logo após o golpe militar.
Sinceramente, nosso projeto era algo idealista, “desaparelhado”, sem busca de pecúnia e, muito pelo contrário, nunca encostado nas tetas do Executivo. Éramos perseguidos!
Mesmo nos governos de Juscelino e Jango, antes do golpe, com altivez ela questionava os seus projetos.
Hoje? Degradada UNE!
Aparelhada, subalterna, subserviente, covarde, nas mãos dos PCdoB, recebe polpudas verbas do governo e fecha os olhos para as suas tramóias. Os professores do Rio de Janeiro estão em greve – terra do governador Sérgio Cabral, amigo dos empreiteiros – e a UNE não dá um pio.
Pobre UNE (pobre de ideais – entendam bem). Subserviente UNE!
Ela não se manifesta sobre o mensalão , aloprados, escândalos, balcão de negócios na Casa Civil, corrupção no ministério de Transportes e em outros órgãos. Nada.
E uma poeta que também trabalha com atriz, afirmou que, com o PT, seus “amigos estavam no poder”. Só se forem os amigos dela.
E a UNE? Bico calado para continuar recebendo pelo seu indecoroso silêncio. A UNE que lutou contra o nazi-fascismo, de tantas lutas heróicas, agora só quer privilégios, mamatas, “bocas”.
No seu último congresso, terminado no final de semana em Goiânia, a aviltada entidade chamou o Lula (tão complacente com a corrupção) para falar, para dizer suas platitudes - o mesmo homem que disseque “ler dá azia”, e hoje só gosta de viajar de jatinhos.
Não gostou que chamassem a UNE de chapa-branca. É que Lula e sua camarilha detestam a verdade. E ele ainda foi aplaudido!
E quem financiou o “convescote”? Petrobrás, Eletrobrás, Caixa Econômica Federal, ministérios do Turismo, Saúde, Esportes. Sem esquecer o apoio da Prefeitura de Goiânia, do Governo de Goiás e da Confederação Nacional dos Transportes (CNT).
Dinheiro de quem? Teu - caro leitor - meu, nosso.
Comíamos pratos-feitos, viajávamos de ônibus de Porto Alegre para Salvador, sem dinheiro no bolso, parando em pensões pulguentas.
Queixas? Nenhuma. Havia um sonho.
Sim, havia.
Não é o elogio do sofrimento. Tomávamos nossas caipirinhas, também festejávamos e, como diria Manuel Bandeira, havia morenas bonitas para a gente namorar.
Mas não nos vendíamos.
O verbo é esse: VENDER. A alma, não!
Queixa? Nenhuma. Havia um sonho.
Agora? Hotéis cinco estrelas, boates luxuosas: é isso o que quer essa estudantada aparelhada (ou “pelegada”?)! UNE chapa-branca: teus fantasmas te assombrarão!
Foi vendida na bacia das almas, uma entidade que, um dia, mereceu o respeito do povo brasileiro.
Ela tem dinheiro! Mas também merecerá sempre o nosso desprezo e a nossa repulsa.
A outra UNE, não. Está no nosso coração. Mas, hoje, é apenas um retrato na parede.
(Salvador, julho de 2011)
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