Por Maura Soares*
Álvaro
Soares da Ventura, ou Álvaro Ventura, nasceu em setembro de 1893 e foi o
sexto filho do casal Bernardino e Jesuína, num total de 12 filhos
registrados, mas que pela tradição oral familiar teriam sido 21. Alguns
morreram de tifo, outros de varíola. Quase todos foram marítimos ou
estivadores.
Álvaro
teve várias profissões, sempre usando a força de seus braços. Foi
tropeiro, aprendeu a manejar laços, montar e a conduzir gado, tendo
trabalhado levando mercadorias e gado pelas estradas catarinenses.
Depois
de certo tempo foi para São Paulo. A vida era dura e Álvaro se integrou
ao movimento anarquista, tendo aprendido diversos ofícios tais como
carpinteiro, marceneiro, pedreiro, alfaiate, padeiro, encanador,
latoeiro e outros.
Estas
habilidades aprendidas na prática, pode-se verificar em seus
descendentes, pois seus sobrinhos-netos também têm propensões para
eletricistas, encanadores etc. Seu sobrinho João Auta Soares, filho de
Luiz – o Duca – tinha a habilidade com canivete em fazer pequenos
entalhes em madeira, esculpindo figuras.
Como se vê, embora não tendo feito cursos específicos, o sentido do saber na prática passa de uma para outra geração.
Podemos
dizer que dos SOARES DA VENTURA até a primeira década do século 20 e
durante mais de 40 anos, Álvaro foi o único que se destacou nas lides
político-partidárias, embora seu pai já tivesse encabeçado movimentos
para a melhoria social.
Sua militância começou em 1914, em São Paulo, junto com anarquistas, mas já quatro anos antes liderava em Florianópolis.
Em
1910, em Florianópolis, Ventura teve envolvimento com a polícia. Seu
discurso na Praça Fernando Machado reivindicando oito horas de trabalho,
incomodou as autoridades e ele foi detido.
Com
o advento da 1ª. Guerra Mundial começaram em 1917 e 1918 a pipocar
greves em São Paulo e o movimento trabalhista invocava os lemas “abaixo a
guerra” e “abaixo o derramamento de sangue”. Álvaro teve contato com os
principais líderes, todos anarquistas ou socialistas pré-marxistas,
como Edgard Leuenroth, Everardo Dias, Benjamin Mota, José Oiticica e
Astrogildo Pereira.
Álvaro
também teve participação em greves tais como a dos padeiros em São
Paulo, tendo sido penalizado com sua deportação para Mato Grosso. Lá ele
trabalhou numa fazenda da Companhia Mate-Laranjeira, que iniciava a
construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré.
Nessa
época conheceu aquela com quem iria se casar. Eliza Arseno Espíndola
era casada com um músico do Exército que estava desaparecido e ela o foi
procurar onde Álvaro estava, em Mato Grosso. Eliza tinha duas filhas
Nair e Aída. A história não conta se o músico foi encontrado ou não, só
que Álvaro casou com Eliza no início dos anos 20, em Florianópolis e
João, seu único filho com Álvaro, nasceu em 1926.
Sua vida foi marcada por encontros e desencontros com o partido comunista. Leia a história completa. Beba na fonte.
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