Por Marcos Bayer
Olhem
para o céu estrelado, sem luz ao redor, aqui na Terra. Lá está o
firmamento e nele inúmeras e incontáveis estrelas que compõem o
Universo. Explicações sobre o nascimento do nosso planeta existem para
satisfazer todas as necessidades. Desde a grande explosão até a criação
divina. Caminhando pela lógica e pelas informações disponíveis, este
planeta criou condições para a existência de vida. Mineral, vegetal e
animal. Antes do homo sapiens,
não sabemos quando, houve um momento em que não havia linguagem. Eram
olhares, gritos e urros, gestos e carícias. Provavelmente.
Com
o surgimento da fala, aumenta a comunicação. Explicações, perguntas,
teses e conceitos. As religiões surgem e são modeladas. Com elas as
diversas teorias para a origem de tudo. Logo, já ocupava a mente humana o
que viria, com o tempo, a ser explicitado nas sagradas escrituras de
todas as origens. A palavra escrita é a gênese dos códigos.
Criamos nossos mitos, semideuses e um Deus – Theos – Zeus e tantas outras formas de expressão linguística. Ele criou tudo.
Na
impossibilidade de compreender o Universo, houve a necessidade de criar
a hipótese de um criador. O homem sabia que não era sua obra.
Ao
criador tudo foi atribuído. E com a passagem do tempo, usando a
curiosidade e inteligência, fomos explicando fenômenos, compreendendo
regras, expressando sentimentos e caminhando em direção àquilo que
chamamos de evolução.
Além
da memória genética de cada ser humano, a medicina admite a hipótese da
memória psicoemocional. Portanto, se verdadeiro, todos nós estivemos em
vários lugares de um passado remoto. Nós somos a vida eterna e nossos
descendentes a certeza da perenidade.
As
ciências e as artes, dois ramos da mesma árvore, são a expressão da
capacidade humana no tempo. Da fogueira às micro-ondas. Das inscrições
rupestres às telas de Dali, por exemplo, que tanto brinca com a ideia de
Chronos, aquele que cronometra. Kairós, seu filho, o que procura a
conexão com o Universo para tentar compreender sua existência. A
oportunidade da vida.
Estes
dois deuses, Chronos e Kairós, são prova incontestável da necessidade
humana de estabelecer um tempo para fazer e outro para sentir. Grande
engano da chamada Revolução Industrial quando conseguiu seccionar o ser
humano. Para o homem medieval fazer e sentir eram indissociáveis. Como o
pensamento é indivisível. Como indivisível é o homem. Eros ou Tanatos.
Vida ou Morte.
Também
podemos admitir que a máxima “Tu és pó e ao pó voltarás”, mesmo sendo
parte do cristianismo, é absolutamente ecológica e autossustentável.
Antes dos crematórios no Ocidente, a prática já ocorria em pontos do
Oriente. E nossa decomposição carnal nos remete de volta a terra, ao
chão, ao solo.
Gaia, a Terra, é um organismo vivo. Sofre cortes, impactos e maus tratos. Mas, recupera-se. Modifica-se e altera-se.
A única conexão possível do homem com outras dimensões é o mergulho no Universo. Não sabemos como.
Mas,
a mesma inteligência que organiza o contexto universal é a que organiza
a mente individual. Uma é fragmento da outra. O mundo externo é tão
vasto quanto o mundo interno. Num exemplo rudimentar, a influência da
Lua nas marés. Aqui e lá. Fora e dentro.
Esta
conexão nós perseguimos ao longo da evolução. Ela, a conexão, aparece
nas artes e nas ciências. A mais significativa para nós ocidentais é o
toque divino de Michelangelo na Capela Sistina.
Tudo
o que já sabemos, o chamado conhecimento humano acumulado, agora
disponível na www (world wide web), reflete a ligação entre os dois
universos: interno e externo. O da mente e o do cosmos.
É possível que eles se revelem simultaneamente. Para dentro e para fora.
Então, nós compreenderíamos que há um único verso. Uni verso.
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