segunda-feira, 9 de abril de 2012

MEU ENCONTRO COM MILLÔR FERNANDES (*)

    Olá, camaradas, salve!
    Depois de um mês de ausência, estou tentando por os textos em dia...


    Meu encontro com o Millôr Fernandes...


    A música poderia ser esta: “Beatles in Pepperland”.
A inspiração veio do Álbum “Revolver” e da música “Yellow Submarine”, uma das faixas, ambos de 1966. Essa história foi transformada em filme.
    Um desenho animado onde o produtor dos Beatles, George Martin participa com algumas músicas instrumentais. Estas músicas foram adicionadas a trilha sonora do filme.
    O Álbum com a trilha sonora foi lançado seis meses após o filme, contendo apenas algumas músicas do filme e mais as composições de George Martin. Em 1999, o desenho animado foi reeditado digitalmente e foi lançado o Álbum Yellow Submarine Soundtrack, desta vez com todas as músicas dos Beatles que fazem parte do filme, mas sem as compostas pelo George Martin.
    A história do desenho animado era sobre PEPPERLAND, um paraíso situado a oitenta mil léguas submarinas cercado por cor e música (qualquer alusão aos livros “Vinte Mil Léguas Submarinas” e a “A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne não será mera coincidência).
    Os vilões denominados BLUE MEANIES atacam Pepperland para acabar com as músicas. Os Beatles vão salvar Pepperland dentro de um Submarino Amarelo. A música “Beatles in Pepperland” é instrumental, de George Martin que anima esta parte do filme.

    Não conto o final do filme...
    Aí está parte da trilha sonora, com o carinho do poeta, sempre...

  

Meu encontro com Millôr Fernandes

    Por Olsen Jr.

    Estava passando por um corredor no Centro de Cultura e Eventos da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina, quando ouvi o amigo Dilvo Ristoff contando uma história hilariante envolvendo o Millôr Fernandes (**) em que “eu” aparecia como o homem certo no lugar errado.
     Ouvi atentamente e exclamei “espera aí, não foi bem assim”. Só intervi porque na plateia estavam os escritores Silveira de Souza, Flávio José Cardozo e Jair Francisco Hamms (***).
     Não ia deixar “barato” aquele relato. Já havia passado quase dez anos e o cara não “esquecera”, ou pelo que constatei, atinha-se a “sua” versão do ocorrido.
     O Millôr havia aberto a Primeira Semana de Comunicação e Expressão, início de 1996, e havia ganhado algumas “notas extras” nos jornais por conta de duas perguntas de uma jornalista. A primeira, “como você vê o quadro político-econômico do País?” Respondeu: “o quadro tem uma moldura boa, mas o conteúdo é precário”; a segunda, “Como você avalia a comunicação brasileira hoje?” Disse (simulando meditar): a Rede Globo deve valer um bilhão de dólares... A entrevista terminou aí.
     Depois do evento, Dilvo (um dos idealizadores daquele Encontro) convidou o Millôr para almoçar na Lagoa da Conceição. Era uma segunda-feira, a maioria dos restaurantes fecha para o descanso semanal. Estou ao lado da minha casa, num dos poucos lugares abertos quando vejo um táxi parar em frente. O Dilvo se aproxima para ver se o local serve almoço e me vê. Após os cumprimentos, afirma que está com o Millôr Fernandes e pergunta se poderiam sentar à mesma mesa. Afirmo que seria uma honra. Logo após, estamos reunidos, o Millôr com a mulher, Cora (filha do grande crítico literário, Paulo Ronai), a escritora rio-grandense Ieda Inda, a Michelle (minha filha) e este poetinha que vos fala. O Millôr consegue manter aquele humor o tempo todo, coisa rara, de maneira que dois cínicos se dão bem, e logo parecia que nos conhecíamos há mais de 20 anos. Acredito que a “mágoa” do Dilvo (se houve alguma) deva ser atribuída a esse fato, embora “ele” próprio consiga manter um apurado senso de humor.
     Terminado o almoço, perguntei se o Millôr poderia autografar alguns livros. Cora, a mulher, disse que não haveria problema. Em menos de cinco minutos, trouxe 23 obras da minha biblioteca. Motivo de gozação. O Millôr brincou “Pô! Não pensei que tivesse escrito tanto”...
     No livro “O Homem do Princípio ao Fim”, ele escreveu “Para o escritor Olsen Jr. que é domeio”... Cada dedicatória era uma peça, todas lidas depois em voz alta e “curtidas” pela mesa...
     O tempo passou, e agora estou ali, ouvindo a “versão” do Dilvo. Tenha paciência, brinquei você foi muito gentil, aquele encontro foi memorável, ao contrário de alguns “coleguinhas” que quando trazem alguém de fora, nestas paragens, procuram isolar-se, não compartilhando de “suas” presenças. Coisa de gente pequena. Lembro que já te agradeci por isso, no que o Dilvo concordou. Depois o Jair Hamms afirmou que iria escrever sobre o fato, disse que também o faria, afinal, tenho “a minha reputação a zelar”. Aliás, aquela “nota” sobre as “respostas” do Millôr Fernandes para a jornalista, confesso, fui eu quem enviou para o Cacau Menezes (19/03/1996), o Millôr disse apenas “o quadro tem uma moldura boa, mas o conteúdo é precário”...   Botei a minha colher e acrescentei “ignora-se se o conteúdo é precário porque o esboço é ruim, ou o esboço é ruim porque o conteúdo é precário”... “Fi-lo” como diria o Jânio Quadros, porque a bolinha estava quicando na área e tinha de marcar o gol, afinal, agora o que ficou foi a minha versão, lembro a expressão clássica do Leonel Brizola “não é verdade!”.

(*)
- Esta crônica inicialmente com o título de “O que importa é a versão” foi publicada originalmente no Jornal “A Notícia”, de Joinville (SC) no dia 08 de abril de 2005.
(**) - O humorista, escritor, tradutor, cartunista, crítico e filósofo Millôr Fernandes
morreu no dia 27 de março de 2012.
(***) - O escritor Jair Francisco Hamms faleceu no dia 11 de janeiro de 2011.

Nenhum comentário:

Postar um comentário