Coisas de um governo esquizofrênico
Por Laércio Melo Duarte A Federação "Única" dos Petroleiros declarou greve. Querem que o modelo de gestão e investimentos da Petrobrás voltem atrás e preservem os valores dos primeiros mandatos do PT. São particularmente contra a venda de ativos, qualquer ativo, mesmo que seja secundário ao processo de produção da companhia. Dizem querer preservar o patrimônio público da ação dos privatistas.
Interessante notar que ao longo dos doze anos de gestão da estatal em mãos petistas e aliadas, a Federação nunca veio a público denunciar as falcatruas e a má gestão, que levaram a companhia a ter a maior dívida privada do mundo, a ter sido moralmente destruída pela corrupção e a desenhar seu plano de negócios contra todas as tendências do mercado de petróleo.
Não é preciso dizer que esta greve chega num momento delicado para os petroleiros, diante da fragilidade da empresa. Atentemos para o seguinte cenário:
1) O Pré-Sal ficou inviabilizado frente aos custos da commoditie no mercado internacional.
2) A greve na produção chega a ser um alívio para a direção corporativa da estatal, por que é igual ou até mais barato importar combustível pronto, do que extrair e refinar.
3) Os cidadãos de classe média são cada vez menos favoráveis a preservação do negócio estatal, frente aos preços exorbitantes cobrados pelo combustível no mercado interno, com previsão imediata de ainda mais altas de preço, clara tentativa de salvar o negócio.
4) Se fosse num negócio privado, esta greve não faria o menor sentido, por que nenhuma corporação do porte da Petrobrás no mercado de petróleo discute com os empregados o seu modelo de gestão. No máximo, isso é discutido com a sociedade como um todo, envolvendo as partes interessadas, onde consumidores e fornecedores possuem a mesma importância estratégica dos empregados.
Mais interessante ainda recordar que no ano passado, durante o Congresso sindical dos petroleiros, a categoria expressou seu apoio à reeleição de Dilma. De modo geral, isso é considerado anti ético numa sociedade democrática, por que os sindicatos representam trabalhadores de todas as tendências eleitorais, e, ao conduzir o peso de uma categoria como essa para uma candidatura em particular, a direção sindical comete o aparelhamento explícito da estrutura que deveria estar a serviço da representação dos trabalhadores, não dos vínculos partidários das lideranças.
No passado, costumávamos nos perguntar "que país é este?", diante do assombro que nos assustava. Agora, temos que agregar mais uma pergunta: "Que governo é este?". Afinal, a CUT e os tais movimentos sociais como MST e UNE, continuam a apoiar o governo ou não? Se já não o apoiam, que tal entregar os cargos de confiança que ocupam?
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