- Assim que andaste pela terra de Borges?
Era o meu amigo Raul Caldas que havia acompanhado, pelo blog, minhas peripécias por Buenos Aires. Sentei na mesa em frente a dele e trocamos algums informações sobre hotéis, calle Florida e outras maravilhas daquela cidade tão latina e tão européia.
Acabamos falando de Paris e Londres. Londres não conheço mas meu filho Jerônimo morou por lá durante 4 anos.
Aí lembrei de uma história sobre bebidas e bares depois que o Raul reclamou que Londres era muito fria e que não gostava do sistema londrino de pagar a bebida toda a vez que pedia.
O Jerônimo certa vez me contou que na sua chegada foi a um pub irlandês onde mais tarde veio a trabalhar. Fez amizade com o barman, inglês.
Pediu um whisky e o amigo lhe serviu friamente.
-Põe um chorinho né? disse o Jerônimo.
Bem, segundo o seu relato da situação ele gastou uma boa meia hora para o cara conseguir entender o que era chorinho. Que na verdade é um plus, uma gorgeta em espécie que no Brasil "é de lei". Depois de entender não compreendia como faziam isso no Brasil. Dar de graça uma parte do whisky?!
Sempre achei que o chorinho era uma instituição nacional e aí lembrei ao Raul de uma outra situação que vivi em Montevidéu lá por 1992. Levado por um grande amigo uruguaio, Gerardo Alori, conheci um bar chamado El Templo del Whisky. Fiquei impressionado com a quantidade e variedade do nectar. Balcão de madeira com estribo de cobre de frente para uma parede espelhada com prateleiras cheias de garrafas de whisky das mais variadas marcas. Realmente um templo.
Sentamos e pedimos whisky, é claro. El mozo trouxe vários pratinhos com acepipes, um copo de água mineral com gás para cada um e depois veio com o whisky e gelo. Serviu o gelo a gosto do cliente e depois colocou um dosador em cima do copo que tinha um buraco no fundo. Enquanto servia a dose já ia chorando.
Nunca vi delicadeza maior.
Agora o papo derivou pra a política nacional, corrupção na justiça e outros temas que tenho ojeriza. Não discuto! Mesmo assim acho que a tarde promete.
El Templo del Whisky
Era un boliche de esquina, un lugar de encuentro, una "institución", como lo recuerda con añoranza su clientela habitual. Era el Templo del Whisky. Tras unos 60 años de historia, cerró sus puertas en abril por un "problema entre socios", explica uno de los encargados, Graciano Poni (66). Nacido en Italia, Poni aún mantiene un leve acento, aunque vino al Uruguay cuando tenía 11 años. Corpulento y con ojos cansados, se apoya en la barra de su nuevo boliche, El Palacio (a una cuadra del Palacio Legislativo) y suspira. "Cuando cerré el Templo fue como que me arrancaran un brazo", asegura.
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