Novo lançamento da Editora Insular, o livro de Mylton Severiano conta a história do Estadão, jornal da família Mesquita que tentou tomar o poder pelo poder das palavras - e das armas
Este livro, mais que a história do Estadão, expõe sua vocação para a conspiração, e a derrota. Como você vai comprovar, o Estadão não é mais o tal. Tanto que os colegas da nova geração, quando querem desnudar a empáfia dos jornalões, não se lembram dele. A última brincadeira foi com a Falha de S. Paulo.Palmério Dória
Todo empreendimento humano segue a lógica do ciclo vital: nasceu, já começa a morrer. Não estamos a contar novidade. Morrem fábricas, bancos, casas comerciais, escolas, nações, impérios – e jornais. Aos 74 anos, morreu em 1975 o Correio da Manhã; o Correio Paulistano aos 109 anos, em 1963; e mais recente finou-se a versão em papel do Jornal do Brasil, aos 119 anos.
Tal como acontece com os seres, alguns jornais vivem mais, outros menos, de acordo com o que determina seu DNA, sua fonte de alimentação, seu comportamento.
Diz o povo que se morre ou de morte morrida ou de morte matada. O que impressiona na trajetória do Estadão é a persistência da família Mesquita em erros administrativos, escolhas políticas desastrosas, bem como a assiduidade com que perdem praticamente todos os “bondes da história”.
Dos bondes perdidos, o mais clamoroso foi talvez deixar a Folha empunhar sozinha a bandeira das “Diretas Já” em 1984. Dos erros administrativos, campeão foi mudar do centro da capital paulista para a várzea do Tietê, o que fez o jornal pela primeira vez não chegar às bancas por causa das enchentes de janeiro de 2010.
Apostam em Getúlio, perdem; apostam contra Getúlio, perdem. Jogam todas as fichas no movimento constitucionalista de 1932, e perdem feio; apostam no golpe de 1964, e perdem.
Para resumir, quando este livro é concluído, acabam de apostar contra Dilma Rousseff, eleita primeira mulher presidente do Brasil.
Os Mesquitas parecem o avesso de Deus: de hora em hora, a família piora. Chegando ao sesquicentenário, o jornalão tropeça nas pernas. Nascidos para Perder conta como o Estado chegou a esse estado.
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