por Anabel Hernandez, Steve Fisher
Na noite de 26 de setembro de 2014, Iguala, um povoado que se encontra a três horas da capital do México, se converteu em um inferno. Mais de cem estudantes da Escola Normal Rural Isidro Burgos, no município de Ayotzinapa, foram atacados com armas de fogo durante várias horas enquanto viajavam pelo povoado a bordo de cinco ônibus. Três estudantes foram assassinados, mais de dez ficaram feridos. E 43 estão, ainda hoje, desaparecidos.
Os alunos, na sua maioria filhos de camponeses pobres, chegaram às imediações da cidade para sequestrar alguns ônibus, uma prática comum entre estudantes de escolas públicas mexicanas; geralmente não há violência e os veículos são liberados depois da “carona”. Naquele dia, os jovens queriam usá-los para viajar à Cidade do México e participar da marcha anual em memória do massacre ocorrido na noite de 2 de outubro de 1968 em Tlatelolco, que vitimou outros estudantes. Quarenta e seis anos depois, os massacrados foram eles. Naquela tarde, chegaram às imediações de Iguala cerca de cem estudantes para sequestrar alguns ônibus com o objetivo de ir à marcha de 2 de outubro. À noite, foram mortos pelo Estado.
Fernando Marín estava debaixo de um ônibus banhado no próprio sangue, assim como seus colegas de escola. A bala que o havia acertado minutos antes destroçara seu antebraço direito, e os tendões, arrebentados, eram tirinhas brancas que saíam do corpo. A ferida ainda estava quente, mas não doía tanto.
“Quer saber? Vai à merda”, disse um policial do estado de Guerrero, no litoral mexicano.
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