Olá, Canga, boa tarde! Tudo certo contigo? Espero que sim!
Não sei se você pode acompanhar hoje pela manhã a audiência pública sobre os rumos da Celesc, mas foi algo bastante interessante. Se, de alguma forma, você não teve como acompanhar, te faço um breve relato de alguém que esteve presente e, antes de tudo, adora trabalhar nesta empresa e tem a convicção de que as privatizações são nefastas para a todo o conjunto da população.
Apesar das primeiras palavras sóbrias do presidente decorativo Sérgio Alves (Celesc Holding) e do presidente da mesa, deputado Romildo Titon, o clima da audiência logo foi tomado pela indignação dos trabalhadores, insuflados pelas palavras do deputado Lício, ex-empregado da Celesc, que, apesar do pedido de desculpas inicial, atacou a atual diretoria da Celesc em seu maior calo: a incompetência gerencial. Embora eu tenha minhas desconfianças toda vez que um político toma conta de um microfone, especialmente diante de uma (provável) massa de eleitores, o que o Sr. Lício fez foi resumir, em um discurso de cerca de 15 minutos, toda a agonia dos celesquianos, uma agonia que tem se prolongado pelos longos anos de má gestão do PMDB e, pior ainda, uma agonia que tem se tornado ainda mais presente nos últimos dois anos, com sucessivas tentativas de se deflagrar um processo de sucateamento geral a fim de que se privatize logo esta que é a maior empresa do Estado. Os ostensivos aplausos que se seguiram ao discursdo do deputado, bem como as vaias que acompanharam as palavras vazias do presidente decorativo, foram uma prova inegável da angústia dos empregados desta empresa e até mais: foram uma forma de desabafar tudo aquilo que estava engasgado há muito tempo, tudo aquilo que se arma silenciosamente nos gabinetes e que temos que engolir, tudo aquilo que oprime os cidadãos conscientes da importância do seu trabalho para a sociedade catarinense, trabalho este que vem sendo dificultado, piorado a cada dia em virtude dos desmandos da atual gestão.
Logo após, vários deputados se manifestaram, entre os quais destaco as brilhantes e oportunas intervenções do Sr. Pedro Uczai e do Sr. Amauri Soares, o Sargento Soares, que foram claros em afirmar o que há por trás dessas manobras secretas da diretoria da Celesc, em conjunto com os acionistas atuantes no Conselho de Administração da empresa: pura e simplesmente, o que se tem é uma "limpeza de terreno", nas palavras do Sargento, para que se possa, por meio do sucateamento de uma estrutura construída a duras penas ao longo dos 53 anos da Celesc, deixar o caminho livre para a sua privatização à revelia da sociedade. Na sequência, o Sr. Pedro Uczai fez a proposta de que toda e qualquer discussão acerca da privatização no Estado de Santa Catarina, seja qual for a companhia em cheque, deva ser feita somente mediante uma consulta popular, ou melhor, por meio de um plebiscito. O que se seguiu foram calorosos aplausos de uma população que representa uma parte significativa da nossa sociedade e que, ao que tudo indica, está mais consciente quanto aos estragos que tais privatizações causaram ao País na era FHC. Reitero aqui que não defendo de maneira nenhuma os políticos aqui citados, mas não poderia deixar de destacar, sob pena de esconder os fatos reais, a contribuição destes ao debate.
Por fim, resumindo um pouco meu relato, ficou claro o despreparo dos presidentes da Celesc (sim, esqueci de mencionar que o presidente da Celesc Distribuição também estava presente, Alfredo Felipe da Luz Sobrinho), que até tentaram desmentir qualquer tentativa de privatização, mas fazendo uso de um discurso tão inconsistente, frágil e pobre que nem o mais humilde trabalhador presente chegou a pensar em acreditar, dadas as vaias e gargalhadas que se seguiam às suas (poucas) manifestações. Quando questionados, mais ao final da audiência, a respeito do convênio com a prefeitura da capital (aquele que entregou de bandeja 6 milhões ao prefeito da árvore de natal), nenhum dos dois sequer respondeu à pergunta, deixando no ar uma dúvida quanto ao que estaria por trás desse convênio. O Sr. Felipe da Luz até tentou responder ao questionamento acerca de um convênio com a companhia de energia de Shangai, mas se enrolou todo, discorrendo, de forma pejorativa e preconceituosa, sobre os "comunistas" e "amarelos" com os quais ele não vê problema nenhum em negociar, embora não tenha esclarecido absolutamente nada do convênio propriamente dito.
Depois disso tudo, os trabalhadores saíram do plenário exultantes, tirando sarro do despreparado Felipe da Luz (que se referiu à rede subterrânea como fiação "enterrada", prova incontestável da sua alienação quanto ao negócio principal da Celesc), mas um pouco mais confiantes e aliviados por terem visto ali, publicamente e com transmissão ao vivo, ruir um pouco o mundo secreto da atual gestão do PMDB, que, se não foi necessariamente arruinada, ao menos sofreu abalo considerável e teve de sair de cabeça baixa, como bem mostrou a última e envergonhada fala do presidente decorativo, cujas palavras mal saíam, embora ele estivesse ao microfone. Enfim, agora esperamos que toda essa emoção não se esvaia nos próximos dias e que os discursos não morram no vazio, até porque teremos, com a renúncia do LH Bocceli, novos capítulos dessa história em todas as empresas do Estado, cujo suplício, infelizmente, deve continuar até que essa caterva seja derrotada de vez nas eleições deste ano.
No mais, era isso, Canga! Muito obrigado pela atenção, grande abraço e até mais!
Uma pena, estão fazendo isso com todas as empresas... Celesc, Casan, Ciasc, todas... Ficam criando essas "agências reguladoras", que tem apenas duas finalidades: 1) empregar os amigos do rei e 2) das gás para a privatização. Deveriam ter uma terceira finalidade, controlar o setor, mas isso elas nunca farão.
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