Por Janer Cristaldo
Nas postrimerias do século passado, comentei este estranho poder da arte, que absolve todas as transgressões. Falava de Lolita. Meio século depois de publicado, o romance conserva seu potencial subversivo. Este vigor não decorre da obra em si. Mas da oposição a uma época que, de repente, parece ter optado pela hipocrisia e conservadorismo. Com seu romance, Nabokov imortalizou a personagem da adolescente sensual, que desde há muito tem perturbado homens maduros.
Para começar, foram as prediletas de Lewis Carrol, não por acaso um escritor que cultivou o gênero infanto-juvenil. Thomas Mann, por sua vez, criou uma versão masculina da adolescência erótica, com Tadzio, em Morte em Veneza, novela levada ao cinema por Visconti. Tadzio tem quatorze anos e espicaça o desejo do senil Aschenbach. Lolita tem doze. Wilhelm von Gloenden, em Taormina, fotografa adolescentes nus com um realismo que Visconti jamais ousaria. Segundo as más línguas, a fama dos meninos de Von Gloenden teriam feito até mesmo Nietzsche tomar o rumo da Sicília. Leia mais. Beba na fonte.
Nas postrimerias do século passado, comentei este estranho poder da arte, que absolve todas as transgressões. Falava de Lolita. Meio século depois de publicado, o romance conserva seu potencial subversivo. Este vigor não decorre da obra em si. Mas da oposição a uma época que, de repente, parece ter optado pela hipocrisia e conservadorismo. Com seu romance, Nabokov imortalizou a personagem da adolescente sensual, que desde há muito tem perturbado homens maduros.
Para começar, foram as prediletas de Lewis Carrol, não por acaso um escritor que cultivou o gênero infanto-juvenil. Thomas Mann, por sua vez, criou uma versão masculina da adolescência erótica, com Tadzio, em Morte em Veneza, novela levada ao cinema por Visconti. Tadzio tem quatorze anos e espicaça o desejo do senil Aschenbach. Lolita tem doze. Wilhelm von Gloenden, em Taormina, fotografa adolescentes nus com um realismo que Visconti jamais ousaria. Segundo as más línguas, a fama dos meninos de Von Gloenden teriam feito até mesmo Nietzsche tomar o rumo da Sicília. Leia mais. Beba na fonte.
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