segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Why in London?

Por Marcos Bayer

    Os acontecimentos em Londres, recentes, são semelhantes aos incêndios de Paris, no bairro de Saint Denis, em 2005. As explicações politicas e sociológicas vão desde a violência inconsequente da juventude, passam pelas drogas e culminam na falta de trabalho, consequentemente na precariedade de sobrevivência.

    Vários países europeus cortam despesas públicas, entre eles a Itália, para equilibrar  çamento. Espanha, Grécia e Portugal em dificuldades e com níveis de desemprego beirando a taxa de 20%.

    Quando não se enxerga o horizonte, o desespero acontece. É assim na vida pessoal, das empresas e dos países. Vivemos de esperanças e perspectivas.

    Alguns anunciam o fim do Well Fare State sugerindo que ele, por enquanto a maior conquista da humanidade, quebrou os países que o adotaram.

    Imagine transporte público de boa qualidade, assistência médica gratuita, escolas, creches, assistência psicoemocional, seguro desemprego e, claro, tributação para pagar a conta. Além de um patrimônio cultural edificado nas ruas, exposto nos museus, saboreado nas mesas e bebido nas taças.

    Por outro lado, os EEUU adeptos da sociedade centrada no mercado, do livre empreendimento e do self made man, devem a si mesmos o que produzem num ano. Tecnicamente quebrados. A conta é de 14 trilhões de dólares. Quase o mesmo que a Europa produz anualmente. Organizaram uma sociedade inspirada nos valores da velha Britannia, onde o exercício da democracia e a liberdade de expressão são fundamentos exemplares. O direito à privacidade, outra característica, vai diminuindo na medida em que se sentem ameaçados por forças externas. Uma sociedade medianamente instruída, amante do shopping center e do automóvel. Capaz de produzir Hollywood e música, especialmente negra, de boa qualidade. Vamos deixar os esportes para outra oportunidade. Uma classe intelectual  capacitada em várias áreas do conhecimento humano, porém capaz de disseminar pelo mundo teorias de management e business, absolutamente falaciosas, onde o descarte do ser humano
é o primeiro movimento rumo à eficiência e a produtividade. Uma sociedade capaz de inscrever em sua moeda: In God we trust. O caminho para Deus, seja ele qual for, aceitando que ele esteja no plano metafísico, indica que a moeda nunca poderá ser rota ou referência. O dinheiro compra apenas o que está aqui. No mundo físico. Mesmo com as tentativas bem sucedidas da Igreja Católica na venda das indulgencias, o lugar no céu não pode ser garantido pelo Federal Reserve, o Fed.

    Nesta discussão já superada, há que se considerar a China, sua estrutura de produção baseada em 20% da população mundial, salários de subsistência, tributação desconhecida e restrições ambientais ignoradas. Sem profecias, sabemos que a revolução dos chineses pode quebrar estruturas de produção em muitos países. Sabemos, também, que as conhecidas barreiras alfandegárias podem proteger economias nacionais. Porém, o capital que não tem mais pátria já montou suas empresas por lá e exportará para cá.

    A política que se manifesta através do Estado, é cada vez mais refém do capital.

    Recuando apenas 300 anos na História, vemos o monarca perdendo o poder absoluto para o homem que se fez cidadão, reorganizando a estrutura de mando com três forças, cujo objetivo era a liberdade, fraternidade e igualdade.

    E a Europa, berço desta revolução, construiu desde a velha Atenas e entregou ao mundo o que há tem melhor na experiência coletiva: O Humanismo.

    Por razões que podem estar gravadas no genoma, uma das descobertas da biotecnologia, iremos ao encontro do capital, desconstruindo na sociedade o modelo mais próximo da perfeição.

    Isto gera uma transformação nos homens, independentemente de suas capacidades de compreensão.

    Nos países periféricos, ocorre mais corrupção. Aqui, por exemplo, todos os dias, assistimos pelo canal nacional os roubos da capital federal. No governo estadual e municipal, também. Um emprega o filho no outro poder e retribui da mesma forma.

    Chamam a isto de capitalismo puro. De estado mínimo.

    Na Inglaterra, berço da ideia constitucional (1215), da liberdade de imprensa (1644), do parlamento de Oliver Cromwell, da Mary Quant e dos Beatles, alguns arruaceiros resolveram dizer: Somos pobres, não vemos o horizonte, nossos pais são emigrantes, temos poucas chances, não haverá lugar para todos...

    Quando roubam o dinheiro público, aqui como lá, são arruaceiros ou homens de bem?

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