segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Aos mestres, todos...


Por Marcos Bayer

    Um homem que recebe o sopro do espírito divino para cuidar das letras, para transmitir conhecimento, para despertar vocações e guiar outros homens é um ser privilegiado. Por mais dura que seja a vida, por menos reconhecida que seja a atividade do magistério, e é, ao professor é imputado o poder da expansão civilizatória. É ele que ensina a ler, escrever, refletir, propor, ousar e criar.

    Pode ser na universidade, pode ser na aldeia indígena, na Roma antiga, na Academia de Platão ou no Liceu de Aristóteles.

    Pode ser em Sagres, onde estudaram os marinheiros que descobriram e circunavegaram o planeta, confirmando nossa globalidade nos 1500, depois visto do espaço por astronautas que estudaram na escola soviética, como Gagarin, em 1961, quando percebeu em nome da Humanidade que a Terra era azul, e os da NASA que chegaram a Lua em 1969.

    Foi assim no Renascimento brotado numa Florença medieval que reunia talentos capazes de redimensionar a obra do homem. Leonardo Da Vinci retomava a forma de Marco Vitrúvio, arquiteto romano contemporâneo dos césares, para relembrar a escala humana dentro de um círculo onde cabia o corpo e a expansão dele.

 
    Salvador Dalí soube liquefazer a imagem, Chaplin e Buñel deram-lhe movimento. O movimento humano real foi transposto para uma tela. Nós nos víamos noutra dimensão. Pablo Picasso pintou em dois tons predominantes, azul e rosa, antes de desconfigurar para reconfigurar a forma. Miró brincou conosco compreendendo que somos pequenas peças coloridas no Universo móbile. Van Gogh colocou sobre a tela branca a textura da massa em relevo para depois pintar a noite mais estrelada de todos os tempos. Victor Hugo descreveu como ninguém a miséria e a grandeza do caráter humano. Nureyev e Baryshnikov voaram sobre os tablados como tantos atletas o fizeram nas pistas olímpicas. Vozes tantas, de Frank Sinatra a Dionne Warwick, de Pavarotti a Ella Fritzgerald. Compositores que liam a aventura humana através das notas musicais, como Mozart, Wagner ou Jobim.

    Nós vivemos mais uma etapa desta irrevogável expansão civilizatória representada pela cibernética, pela comunicação instantânea e pela consequência imediata do ato humano.

    Nunca fomos tão fortes e tão frágeis, simultaneamente. Nunca a experiência humana foi tão interdependente. Nunca foi tão necessário homens de letras, professores e formuladores, escritores e poetas, cineastas e atores. Músicos e tocadores. A sinfonia da vida será sempre necessária...


celio deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Aos mestres, todos...":
Marcão, esse discurso é teatral, imaginei duas músicas de fundo...
Yann Tiersen - Comptine D`un Autre Ete
http://www.youtube.com/watch?v=BJVtsP_6L5o
ou
André Mehmari - Lachrimae
http://www.youtube.com/watch?v=ziYPgOGNrV8 

Um comentário:

  1. Marcão, esse discurso é teatral, imaginei duas músicas de fundo...

    Yann Tiersen - Comptine D`un Autre Ete
    http://www.youtube.com/watch?v=BJVtsP_6L5o
    ou
    André Mehmari - Lachrimae
    http://www.youtube.com/watch?v=ziYPgOGNrV8

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