Por Emanuel Medeiros Vieira
(Modesta meditação dedicada em favor do pessimismo da inteligência e do otimismo da vontade.)
André Gide escreveu: “Todas as coisas já estão ditas, mas como ninguém escuta, é preciso recomeçar sempre.”
E o ofício de escrever é um eterno recomeçar: lutar com palavras mal rompe a manhã, para usar a expressão de Drummond.
Creio que travamos, através da linguagem, o que T.S.Eliot chamou de “combate intolerável com as palavras” que “se estiram, racham, escorregam, perecem.”
Mas a batalha da vida não é formal. O que percebemos é a banalização do mal e não do bem. A mercantilização das relações, a hegemonia do ter e do parecer, o estímulo à futilidade e ao egoísmo, geraram um ilhamento entre as pessoas, onde muitos seres parecem apenas fingir e camuflar os seus sentimentos.
O modelo vigente acreditava que éramos meros números. Minha geração não viu crise maior do capitalismo.
Crise ou colapso? O “Muro de Berlim” dos neoliberais? Onde estão aqueles que exigiam Estado mínimo e nos chamavam de dinossauros? Eles tinham verdades consagradas. Diziam que o capitalismo havia vencido.
Como disse Cesar Benjamin num artigo intitulado “Karl Marx manda lembranças”, os “Estados tentarão salvar o capitalismo da ação predatória dos capitalistas”.
O que se vê não é erro nem acidente. O projeto todo estava centrado na acumulação do capital. Tantos anos de falso consenso resultaram neste quadro dantesco.
Resultado? Desigualdade social obscena. E assim por diante. Os concílios acabaram com o limbo e com o purgatório. Com o inferno não...
Formou-se uma geração de políticos espertos, inebriados pelo marketing, não pela verdade. E a degradação ética, internalizada em muitas almas, parece não ter fim. Só unidos, poderemos recuperar o núcleo do humano.
(Não digo nada de novo. Eu sei. Mas nossa força é essa: nossa união, forjada em tantas lutas.)
Como observou Boris Pasternak, “viver a vida até o fim não é tarefa para crianças.”
LesPaul deixou um novo comentário sobre a sua postagem "SERES HUMANOS NA CRISE DO CAPITALISMO": Emanuel, Emanuel. Que coincidência. a crise de 2008 foi de mercado COM OS ESTADOS (todos os matizes ideológicos) SOCORRENDO A QUEBADREIRA DOS BANCOS, signos do 'capitalismo', do 'neo-liberalismo' et coetera. Hoje, 2011, a crise é de governos perdulários, agigantados, corruptos. Ou seja, a coincidência está nos três países socialistas que sobraram ma Europa depois das eleições na Hungria: GRÉCIA, ESPANHA e PORTUGAL, pivôs da quebradeira que se insinua já na esquina de minha padaria. Só não dá pra vir com ab-reptício comunismo sob costumeira engendração literária de qualidade. Todos perderemos, e os que pouco têm, perderão mais.
Henrique Amorim deixou um novo comentário sobre a sua postagem "SERES HUMANOS NA CRISE DO CAPITALISMO": Somente empréstimos demais para pessoas e governos, bem além da condição de pagamento destes. Alguns se espantam que seja nos EUA ou algum país europeu, mas nada demais, são pessoas e políticos, tal como aqui... Aliás, empréstimos e dívidas impagáveis são coisas que qualquer brasileiro sabe bem como funciona... é apertar o cinto e tocar pra frente. O sistema atual sobrevive, para desilusão das ideologias contrárias à realidade...
L.A deixou um novo comentário sobre a sua postagem "SERES HUMANOS NA CRISE DO CAPITALISMO": Axé, oloriô...
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