Por Olsen jr.
Algumas pessoas revelaram um certo assombro quando aparecemos juntos para a entrega de prêmios na Academia Catarinense de Letras (ACL). A incógnita derivava de estarmos disputando a mesma cadeira no 5 para ingresso naquela casa. Passado o impacto inicial, lembrou o jornalista Moacir Pereira, não éramos nem inimigos, nem adversários, mas, sim, concorrentes. A explicação era satisfatória.
Depois da cerimônia, fomos tomar um chope no Café Matisse, ao lado. Estávamos acompanhados pelo jornalista Mário Pereira (como tem Pereira nesta terra) e rimos um bocado. O Chico, que tem uma memória de elefante, começou contando a história daquela antologia de conto policial que ele organizou e da qual não participei porque não entreguei o conto no prazo combinado. Na época, trabalhando na Secretaria de Justiça, viajava muito e não consegui concluir o texto em tempo. Nas minhas contas, como diria minha avó, estava tudo certo. Conhecia as regras do jogo, tinha participado da reunião quando tudo foi definido. Não consegui fazer, estava fora, portanto. Mas para o Chico eu deveria ter telefonado avisando. O tempo passou e encontrei o Raul Caldas que me alertou de que o Chico estava "chateado" comigo. Tanto o Raul quanto o Mário Pereira estavam no livro. A oportunidade para explicar o mal entendido se deu num bate-papo com alunos de uma escola, onde fomos debatedores (juntos com Alcides Buss e Júlio de Queiroz). No final, convidei-o para um chope e tudo ficou esclarecido.
Outra vez, ele organizou uma antologia cujo desafio era: "Nossos melhores contos". Convidou um número de escritores que deveriam apresentar (o melhor conto que tinham feito) o texto num prazo qualquer. Bem, desta vez todos entregaram, eu já tinha aprendido a lição. Tempo depois, o Chico me liga na condição de editor surpreso e afirma: "Pô, o teu conto tem mais de quarenta páginas". Foi a minha vez de lembrá-lo: qual era o repto? Ele repetiu: "Enviar o melhor conto". Foi o que eu fiz, ratifiquei. Ele concordou, afirmando: "Está certo, foi isso mesmo". O conto foi publicado.
Tempos atrás, estava no Restaurante Casa do Chico, na Lagoa (tem muito Chico por aqui também) e o garçom me entrega um envelope contendo uma prestação de contas e um cheque no valor de R$ 160,00 referente a uma participação em outra antologia, dessa vez "Contos de Carnaval". O Chico havia conseguido um patrocinador e, após deduzir as despesas com o livro, rateou o que tinha sobrado com todos os participantes. Não tinha obrigação nenhuma de fazer aquilo, mas fez. Outro dia me confessou que fui um dos poucos que agradeceram a sua iniciativa, talvez não devesse estar contando isto, mas sou leal e grato.
O Chico Pereira é um homem assim, franco, honesto, faz o que foi combinado, honra com a sua palavra, ao contrário de certos "coleguinhas" que prometem (o voto, por exemplo)... esquece...
Camarada Chico Pereira, a cadeira nº 5 estará bem ocupada, a tradição se mantém. Aceite, portanto, o meu respeito, minha admiração e os cumprimentos, pô!
10/12/2004.
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