Faz o maior barulho na Assembléia catarinense o adicional de insalubridade de R$162 mil mensais "por ruído excessivo" de máquinas inexistentes a 111 servidores. Se a insalubridade pega no Senado...
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Livro secreto conta a luta armada no Brasil


CHICO ARAÚJO
chicoaraujo@agenciaamazonia.com.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.
BRASÍLIA – A Agência Amazônia obteve uma cópia de um livro sigiloso – batizado de Projeto Orvil (palavra Livro escrita ao contrário) – produzido pelas Forças Armadas sobre a luta armada no Brasil. São 953 páginas e 1,7 mil pessoas citadas. Ao final desta página, o leitor poderá ler e baixar a íntegra do livro (em formato pdf).
A obra – nunca publicada – contém relatos, documentos, fotografias e depoimentos que detalham o movimento de esquerda no País durante o regime militar (1964-1985). São histórias de assassinatos, assaltos e seqüestros, entre outras atrocidades praticadas durante esse período, e que são contadas em minúcias pelos serviços secretos brasileiros. Ministros do governo Lula são citados no livro.
Escrito a pedido do general Leônidas Pires Gonçalves, ministro do Exército no governo Sarney, o livro foi engavetado em 1988. A idéia dos militares era usar o livro quando necessário. "Eu disse ao (José) Sarney: 'Eu fiz esse livro. É uma arma que eu tenho na mão'.", disse recentemente Leônidas ao Correio Braziliense.
Na entrevista, o general conta que, na condição de ministro do Exército, se reuniu com o presidente da República para discutir o que fazer com a versão oficial dos militares para a luta armada que o serviço secreto do Exército acabara de concluir. "Falei para o Sarney que não ia publicar o livro. Para que criar um problema que não existe?", recorda Leônidas. "Esse livro", concluiu o general na conversa com o presidente, "fica como um documento, que nós (militares) podemos ter a necessidade (de divulgar) no futuro." De acordo com Leônidas, Sarney concordou e ambos deram o caso por encerrado.
Por se tratar de um documento histórico, a Agência Amazônia decidiu publicar o texto do Projeto Orvil na íntegra. E qual o sentido a divulgação? Para que as gerações atuais e futuras conheçam mais a fundo alguns ricos detalhes da história recente do Brasil.
Cronologia do projeto Orvil
1985
José Sarney toma posse na Presidência, pondo fim a 21 anos de ditadura militar. No mesmo ano, a Arquidiocese de São Paulo lança o livro Brasil: nunca mais, com relatos de tortura e assassinato de presos políticos ocorridos durante o regime militar.
1986
Para responder ao Brasil: nunca mais, o ministro Leônidas Pires (Exército) manda o serviço secreto da Força produzir um livro com a versão dos militares para a luta armada. Inicia-se assim o Projeto Orvil (a palavra livro ao contrário).
1988
O livro do Exército fica pronto e é batizado com o título As tentativas de tomada do poder. Leônidas (foto), contudo, volta atrás e decide não publicá-lo. O documento então passa a circular entre militares da reserva rebatizado de Livro negro do terrorismo no Brasil.
2000
Integrantes do grupo de extrema direita Terrorismo Nunca Mais (Ternuma), que reúne militares e civis, têm acesso ao livro e colocam na internet cerca de 40 páginas da obra. Não informam, porém, a origem dos textos.
Leia o livro na íntegra. Clique aqui
domingo, 30 de agosto de 2009
Eleitor indignado
DUAS CARAS DA MESMA MOEDA

A música é uma de nossas manifestações artísticas mais acabadas. Quase a sublimação de uma arte que nos põe muito a frente de outros animais da mesma espécie. Os sons harmoniosos de uma canção podem nos levar ao nirvana, se é que isso é possível, com tudo o que se sabe do êxtase e do paraíso.
Tergiverso para dissimular a minha frustração, dia desses, quando entro num restaurante e está tocando música sertaneja. Não gosto, mas não desdenho. Fico no meu canto. Você não vai acabar com um domingo ensolarado onde está tudo certo exceto a música do local. A casa está vazia. Lá fora, em outro ambiente, apenas duas mesas ocupadas e cujos usuários, a meu ver, pouco estão se importando com o som que sai daquelas tímidas caixas.
Um dos garçons, meu conhecido, se aproxima e afirma: “sei que o senhor gosta de jazz, quem sabe a gente muda de canal, jazz clássico ou contemporâneo?” Olho para o “Piá” (esse é o seu apelido carinhoso) e digo: meu caro, a essas alturas do campeonato tudo está no lucro... Rimos.
Dou uma pausa em minha caminhada para bebericar uma cerveja, o cidadão me põe um jazz clássico, o dia está espetacular e você acredita que vou reclamar?
Mas tem indivíduos que não suportam o bem estar dos outros. Estou ali curtindo a cerveja e ouvindo o jazz e agradecendo aos céus por aquele privilégio. O devaneio é interrompido depois de menos de 15 minutos pela irritação da proprietária que sai lá detrás do caixa onde estava, passa por mim furiosa, pega uma cadeira põe em baixo do aparelho de tv que estava fixo na parede em um ponto mais elevado, sobe nela e clica o botão de desligar... Tudo fica em silêncio, ela retorna e indago, ainda sem entender o que estava acontecendo, o que houve? Ela responde arfante “essa música é muito chata”... Olho para os lados, nem os garçons estão entendendo nada, estava tocando Louis Armstrong e Oscar Peterson “I Get a Kick Out of You”, de Cole Porter ( o compositor favorito de Frank Sinatra e que também influenciou o Tom Jobim) para começar...
Ela poderia ter usado o controle remoto, mas aí o efeito plástico do seu desdém não surtiria o mesmo resultado. Pago a conta e deixo a cerveja pela metade, tão cedo não ponho os meus pés lá, também os meus ouvidos.
Li algum tempo atrás, no “Blog do Damião”, do amigo Damião, jornalista, poeta, sensível, essa história que é a contrapartida da outra. Ele estava em Itajaí, no shopping e ficou surpreso porque tocava Vivaldi no recinto. Logo se sentiu no primeiro mundo, um domingo pela manhã, ouvindo música clássica, até o cafezinho tem outro gosto. Depois soube pela proprietária do estabelecimento que aquela música erudita tinha sido a alternativa da administração para afugentar os “emos” (termo moderno para designar uma gurizada entre 13 e 21 anos que não lê nada, não vê cinema e nem teatro. Acreditam que a família é um mal necessário e andam em bandos, com outros com as mesmas aptidões, isso é nenhuma, buscando justificativas para suportar o que chamam “o tédio da existência”. Vestem-se de preto para deixar claro esse “desconforto” de viver e mostram que estão vivos com atitudes e comportamento desprezíveis como abrir pacotinhos de açúcar e espalhar pelo tampo de vidro das mesas, por exemplo... Uma boa ocupação para quem tem mingau na cabeça).
Na Alemanha, estudos científicos revelaram que o gado, gênero vacum, quando confinado em ambientes onde se ouvia música clássica, produzia mais leite que outros da mesma espécie em situação idêntica, mas sem a música.
A música esvazia qualquer angústia. Lembro do Paulo Francis comentando alguma coisa do gênero. Afirmava: “é melhor que Prozac. Misantropia não tem cura, porque é conclusão e não doença. Mas toda alma precisa de feriados”.
É isso, mas também, e principalmente, o que saber fazer com eles e elas: os feriados e a música.
sábado, 29 de agosto de 2009
CHEF CATALÃO DENUNCIA SEQÜESTRO DA COZINHA ESPANHOLA PELA EXTREMA DIREITA

Por Janer Cristaldo
Está surgindo no mundo todo uma nova cozinha, mais química que propriamente culinária, que tem feito a fama de chefs pretensamente criativos. O mais conhecido representante dessa linha de restauração é o catalão Ferran Adrià, cujo restaurante El Bulli, em Barcelona, já não aceita mais reservas para 2009. Apesar de ter três estrelas no Guide Michelin e ser considerado um dos melhores do mundo, é o tipo de restaurante que meus pés jamais visitarão, mesmo que tivesse reserva para a semana que vem.
Adrià tornou-se um expoente da chamada gastronomia molecular, que consegue extrair sucedâneos da boa e velha carne a partir de produtos da terra e construir manjares exóticos como caviar de maracujá. As cozinhas mais parecem laboratórios cheios de retortas e os cozinheiros têm formação em física e química. Segundo entrevista publicada ontem no Estadão, um outro chef catalão, Santi Santamaria, dono de um outro três estrelas, o Can Fabes, a gastronomia espanhola foi seqüestrada pela “extrema direita culinária”. Leia artigo completo. Beba na fonte.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Neblina na Beira Mar
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Telegrama

Telegrama de Dom Paulo Evaristo Arns para o sobrinho Flávio Arns, senador do Paraná, de saída do PT:
“Parabéns atitude coerente diante corrupção inacreditável Senado. Queira transmitir votos de apoio benemérito à Senadora Marina, Senador amigo Simon, como também aos demais colegas que defendem ética e decoro dos chamados Pais da Pátria. Abraço de seu tio, Cardeal Paulo Evaristo Arns.
Querem quebrar o Mosquito
Aquela gente do "Espaço Jurerê", lembram? Está processando o Tijoladas do Mosquito. O caso dos R$ 1.200.000,00 dados, via FUNDESPORTE, para o evento no verão passado em Jurerê foi denunciado pelo Mosquito e pelo blog De Olho na Capital e repercutido por vários outros meios de comunicação. A denúncia acabou acionando o Ministério Público que está investigando o "caso". Parece que o juiz mandou o Muska tirar as denúncias do blog e arbitrou uma multa de R$ 800,00 diários (não de R$ 10.000,00 como havia sido publicado). Saiba mais lá no blog do Mosquito.
170 Anos do Surgimento da Fotografia - João Bittar




Pois é Dario, também gosto muito do João Bittar. Convivi com o irmão Zé Bittar quando andou aqui por Florianópolis em 1977. O meu primeiro trabalho em um jornal foi junto com o Zé. Foi no Diário Catarinense dos Diários Associados. O editor era o Renan Antunes e a pauta era cobrir um incêndio em um barraco de pescadores no Sambaqui. Resulta que o tal barraco era do Xerife, lembra? e junto com ele morava o Vitor, careca, que depois teve um bar com o Folha em Curitiba. Bem, a matéria acabou não saindo e o jornal acabou fechando. Que bom lembrar do João, me fez lembrar do inicio da minha carreira de jornalista.
Incrível. O xerife tava lá em casa, em Sambaqui, quando o rancho ardeu. Eu, ele, tiné, tomávamos umas até que alguém disse: tá queimando um rancho! Mas como o papo estava animado, ninguém deu muita bola, até que as labaredas cresceram e alguém repetiu: tá pegando fogo. Xerife estava de costas pra janela, virou-se e disse: o fogo é na minha casa!!! Foi uma correria, mas não deu pra fazer nada.
Quanto ao João, ficou várias vezes em casa quando vinha de Sampa, grande figura; e o Zé, trabalhei com ele no Bom Dia Domingo. A gente mais bebia que trabalhava. Bons tempos.
Escândalo Revista Metrópole/Governo LHS
Novas gravações comprometem diretamente o governo LHS
O processo onde o empresário Nei Silva é acusado de extorsão entra em uma nova fase e pode sofrer uma reviravolta. Acusado de extorsão quando cobrava dívidas do governo do PMDB com a revista Metrópole, Nei Silva teve um livro censurado (A Descentralização no Banco dos Réus) e acabou preso pelo DEIC em uma armação montada pelo empresário Armando Hess, interlocutor do governador Luiz Henrique da Silveira.
Amanhã, dia 28, o advogado de Nei Silva, Benjamin Coelho Filho, estará entregando no Cartório da 3 Vara Civil de Blumenau, um lote de provas que comprometem diretamente secretários, políticos e diretores de instituições públicas do governo do PMDB.
O surgimento destas provas incriminadoras sinaliza que a defesa do empresário está partindo para o ataque. São 52 gravações inéditas, documentos e notas fiscais que envolvem dinheiro público e diretamente instituições como Casan, BRDE, Codesc e Secom.
Ivo Carminati, Derly de Anunciação, Armando Hess e Içuriti Pereira, que movem a ação contra Nei, são personagens das gravações e falam o que não devem. Em telefonemas e conversas gravadas comprovam o que sempre negaram em público: a grande negociata entre o governo Luiz Henrique e a Revista Metrópole. Tudo com dinheiro público é claro.
Mas de todas as gravações uma se destaca pelo alto teor explosivo. Seria uma conversa da ex-funcionária da Metrópole, Márgara Hadlich, com o governador Luiz Henrique.
CQC tenta censurar entrevista
Está na rede novamente o vídeo feito pelo Repórter do Crime Jorge Antonio Barros. Barros entrevista, no estilo CQC (programa de pseudo humor da Band), um dos malas do programa, o tal de Rafael Cortes. O mala não gostou, foi grosseiro e tentou censurar o vídeo na internet.
No programa que fazem abusam da impertinência, grosseria e do mau gosto com pessoas públicas, sempre tentando constrangê-las frente às câmeras. Desta vez o feitiço virou contra o feiticeiro. Rafael não gostou e, pior, foi se rebuscar no artifício mais burro que existe: a censura. Tomou na cola! Leia matéria completa sobre o imbróglio. Beba na fonte.
PV faz festa para Marina Silva
Bastante criativa a marca feita pelo Partido Verde para receber a senadora, ex-petista, Marina Silva. No convite, distribuido pela internet, o partido concloma:
"Está na hora do Brasil se sustentar de outro jeito. Socialmente, economicamente, politicamente, ambientalmente, humanamente. O Brasil está chamando: Vem, Marina!"
A filiação da senadora ao PV será transmitida ao vivo pela internet. Começa a partir das 11 horas de domingo, dia 30.
Diploma de Jornalismo será discutido no Senado
A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado aprovou nesta quarta-feira (26/08), requerimento para a realização de audiência pública para debater Proposta de Emenda à Constituição que prevê dispositivo para tornar obrigatório o diploma de Jornalismo para o exercício da profissão. Leia mais. Beba na fonte.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
170 Anos do Surgimento da Fotografia - Evandro Teixeira



Canguita.
Impossivel deixar de fora de nossa comemoração o Evandro Teixeira, fotografo multiplo e mestre.
Fotografou o golpe de 64 - o soldado na chuva e obra-prima. Como o são as baionetas e as libelulas. Como a mão que aponta o papa. Como as duas modelos desfilando, como os presos com cordas no pescoço, o morto na rua, ChicoeTomeVinicius...
Selecionei um texto de Fritz Uterzi (leia no blog dos 170 anos) que bem fala do nosso Evandro.
24 de agosto: Getúlio Vargas "sai da vida para entrar na história"
Lembro das revistas Fatos & Fotos que guardava com uma quantidade de imagens da morte e do enterro do presidente trabalhista. Volta e meia tirava as revistas de um armário e mostrava para nós, após a janta. Na época, Quaraí tinha luz até às 9 horas da noite. As leituras comentadas se davam à luz de um farol a querosene que espalhava sombras pelo ambiente tornando mais trágica aquela narração. Lia as matéria em voz alta e chegava às lágrimas lembrando do Pai do Povo.
Quando falava o nome do "Corvo", Carlos Lacerda, ficava colérico e lhe atribuía toda a culpa pelo suicídio de Getúlio. Tampouco gostava do "Anjo Negro", o guarda-costas Gregório Fortunato, a quem também atribuía o suicídio. Este ódio talvez tivesse uma origem bem mais antiga do que o acontecimento político. A leitura das reportagens sempre eram entermeadas com passagens pessoais que contava com um certo orgulho. Uma delas pode ter gerado esta "encrenca" com o Gregório.
Contava o pai que certa vez Getúlio foi visitar Quaraí. Foi recebê-lo no "campo de aviação" e levou de presente uma caixa de "legítimos" charutos cubanos Montecristo comprados em Montevidéu especialmente para a ocasião.
Getúlio recebeu, agradeceu e passou a caixa para Gregório Fortunado guardar. Gregório teria "jogado", sem cuidado, a caixa em uma bolsa que carregava. Isso gerou um sentimento ruim em meu pai. Acho que, para o Pai, Getúlio deveria ficar andando com a caixa de charutos nas mão durante a visita. Era engraçado. Toda a vez que ouvíamos essa história, eu e meu irmão, nos olhávamos e ríamos, em silêncio.
A Carta de Testamento
Mas de tudo isso o que mais me marcou na vida foi a Carta de Testamento de Getúlio. A frase "Saio da vida para entrar na história" nunca mais saiu de minha cabeça. Sempre que a ouvia me emocionava.
Durante muitos anos o Pai, como vereador, batalhou para que fosse recolocada na praça de Quaraí, uma Carta Testamento que, numa certa noite, havia sido arrancada "pelos reacionários da UDN" durante o golpe militar de 64.
Havia mandado fazer uma em Porto Alegre, em segredo, e escondeu-a em cima da gargem, onde só ele entrava. É claro que tanto mistério aguçava minha curiosidade e um dia peguei a chave e fui até a sala secreta. Descobri uma grande placa de antimônio e chumbo, a mesma liga dos tipos tipográficos, de 2,0 m x 0,60 cm, tapada por uma velha colcha de xenilha vermelha.
Era a famosa Carta de Testamento do Getúlio. As letras eram de broze, pareciam ouro. Li de uma sentada só quase perdendo o fôlego. Depois lentamente, fazendo a pontução.
Durante muitas tardes da minha vida visitei a placa até decorar todo o seu conteúdo. Um certo dia, na "repartição" do Pai, onde eu ía diariamente na saída do Colégio Brasil, escutei-o conversando sobre o "Gegê" Vargas com os colegas. Para surpresa de todos os presentes comecei a discursar a Carta de Testamento. Foi um show. Nesse dia fui para casa de auto com o Pai. Orgulhoso!
Nei Duclós comenta
Que bela história! Parabéns, Canga, por esta peça maravilhosa de memória e de política. Emocionante. O legado de Vargas assumido pelo pai e que foi transmitido ao filho nos serões familiares, nas conversas na hora da mesa.
Não tenha dúvidas, amigo, mais do que tuas outras leituras, mais do que as experiências depois desses fatos que narraste, foste formado por essa herança, por essas histórias à luz de querosene e por essa carta, que é o mais importante e brilhante texto político do Brasil soberano.
"Getúlio Vargas é o inventor do Brasil moderno". Samuel Wainer.
Palhaçadas do Senado

Acabou recebendo o inócuo cartão vermelho de Suplício. Depois do bate-boca tudo ficou que estava. Mais uma tarde de vagabundagem e palhaçadas no Senado. A saída de sarney só será possível com a mobilizaçao da sociedade sivil. Onde estão os artistas? os intelectuais? Tá tudo dominado!

Para quem não sabe, o primeiro hasteamento aconteceu numa festa de aniversário do falecido Ori, nascido em 7 de setembro. Lá pelas tantas, apareceram o Aldirio Simões, o Zininho e outros manezinhos da mesma estirpe e – papo vem papo vai, cerveja desce/sobe – o pessoal decidiu cantar o Hino Nacional. Ori não teve dúvida: como não tinha bandeira, hasteou a costela.
Para participar, basta comprar por R$ 25,00 a camiseta personalizada, que garante comida liberada até as 18 horas (ou como andam dizendo por aí: open food ou coisa parecida). Ela está à venda no Ori e outros estabelecimentos do bairro Abraão.
Por causa do grande número de interessados (no ano passado sobrou gente e faltou camiseta), a festa será no terreno da antiga garagem da Ribeironense, a uns cem metros do Ori.
Para quem dúvida, o hasteamento da costela está previsto para depois das 13 horas. (Colaboração Márcia Quartiero)
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Oposição abandona Conselho de Ética
Automatismo médico

Segundo ele, estava de férias e bateu o ponto por, pasmem, puro automatismo. Mas que pediria para a direção do hospital cancelar aquele registro.
Presidência perpétua

A perpetuação no poder a qualquer custo faz parte da cartilhas de Hugo Cháves e está baseada em discurso de Simon Bolívar onde prega descaradamente a presidência perpétua. Pode?
Juízes continuam a praticar censura à imprensa

O Estadão ingressou com novo recurso contra a decisão do desembargador Dácio Vieira, que no dia 31/07 proibiu o jornal de publicar informações sobre a Operação Boi Barrica, que investiga supostas irregularidades praticadas por Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney. É a terceira tentativa de reverter a proibição. O pedido, de exceção de suspeição, é baseado no texto apresentado pelo desembargador para negar o primeiro recurso. O advogado Manuel Alceu Affonso Ferreira, que representa o jornal, destaca seis passagens da manifestação de Vieira, nos quais o Estadão é atacado. Saiba mais. Beba na fonte.
170 Anos do Surgimento da Fotografia - Eugene Atget





segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Los cocaleros
Enquanto isso o porto de Itajaí agoniza gerando desemprego e a falência do município, outrora administrado por uma quadrilha de petistas e peemedebistas.
domingo, 23 de agosto de 2009
170 Anos do Surgimento da Fotografia - Berenice Abbott



sábado, 22 de agosto de 2009
Record compra documentário 'Muito além do cidadão Kane'
Em busca de armas para a guerra contra a Rede Globo, a Record confirmou a compra dos direitos para a exibição do documentário “Muito além do cidadão Kane” em TV aberta. Ainda não existe data para o filme ir ao ar. A informação foi veiculada ontem pela Folha Online e confirmada hoje pela assessoria da emissora. Leia mais no Comunique-se. Beba na fonte.
Assista o documentário:
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Que figura!
Entrevistado, agora à noite, para o Jornal Nacional em um aeroporto dos EUA, foi perguntado se estava voltando ao Brasil.
Respondeu: - Sim, estou voltado. Vou cuidar da vida!
Millôr disseca obra de Sarney e conclui que é uma merda
(Uma tentativa de entender o livro, o autor, e o país em que nasceu um e foi
publicado o outro)
Leitor, mais uma vez fui enganado. E enganado em literatura, por gente da melhor qualidade pra julgar literatura, como João Gaspar Simões, Jorge Amado, Carlos Castello Branco, Josué Montello, Luci Teixeira, Antônio Alçada Baptista, Lago Burnett. E last but not least, pelo mais preparado de todos pra tarefa específica (estudou em Heidelberg), o crítico literário Leo Gilson que, em 66, me levou para a honrosa propaganda da Olivetti, de onde fomos afastados, Deus do céu!, por suspeitos de comunismo.
Fui enganado por todos esses luminares do pensamento. Da literatura de Sir Ney me afirmaram, em escritos de fé:
"Uma nova vertente na literatura Norte-Nordeste" - Carlos Castelo Branco.
"Grande escritor" - Josué Montello.
"O processo ficcional de repente se faz em correlações onde pequenos binários de ação se sintonizam por força da mesma tenção significadora" - Luci Teixeira.
"Lamentar o prejuízo que a literatura de expressão portuguesa tem vindo a sofrer pelo fato de José Sarney se lhe não dedicar o tempo inteiro" - Alçada Baptista.
"José Sarney é um escritor político no amplo sentido em que atinge a abrangência aristotélica" - Lago Burnett.
"O regionalismo que ele renova com a sua paisagem humana, sua poesia, sua
afinidade com a ingenuidade, a pureza e a graça maliciosa do povo maranhense, mosaico do povo brasileiro" - Leo Gilson Ribeiro.
Todos me enganando. Só fui desconfiar, apavorado com o complô, na primeira vez em que ouvi Sir Ney usar o apelativo rastaquera, "Brasileiras e brasileiros", fazendo média contraproducente (por ridícula) com o feminismo. E percebi, também, que ele era incapaz de construir uma frase, quanto mais um período, e nem falar de um discurso lógico. Por isso fui reler o Brejal dos Guajas com mais atenção. Fiquei estarrecido. Não se pode confiar o destino de um povo, sobretudo neste momento especialmente difícil, a um homem que escreve isso. Não tendo no cérebro os dois bits mínimos para orientá-lo na concordância entre sujeito e verbo, entre frase e frase, entre idéia e idéia, como exigir dele um programa de governo coerente pelo menos por 24 horas? Leia crítica completa. Beba na fonte.
A PAIXÃO QUE NÃO ACABA

Era preciso que se dissesse logo: um dia de manhã clara com céu azul, num domingo de inverno às margens da Lagoa. Para não se perder nada, deixar-se ficar enquanto se bebe um café com leite observando os raios de sol beijar pontos esparsos permitidos pelo fícus gigante que abraça toda a rua em frente.
Só então, com esse quadro na memória, abrir o jornal do dia e viajar no desvario da insolência humana tentando agarrar-nos em cada página para nos afogar na insipidez da desesperança. Antes que a percepção desse outro mundo te engula, você ergue a cabeça e constata que a natureza continua ali compondo um rico cenário no qual somos atores secundários, só então retoma a leitura...
Foi quando as percebi no caderno de cultura. Noto que uma é mais idosa, embora ambas fossem velhas. Fico imaginando que poderia ser um casal. Mas também poderia ser dois amigos ou duas amigas. É irrelevante, o que importa é que estavam juntas, duas gerações. Como se já tivessem cumprido o seu papel nesse mundo, se deixavam captar pelas lentes de algum fotógrafo perspicaz, o instantâneo estava feito e aquilo já era história que a eternidade julgaria.
Aquela fotografia descolorida no centro de uma página de um jornal standard tratando de um tema contemporâneo, destoava. Talvez o articulista pretendesse sugerir uma ideia de distanciamento.
Fico imaginando como nós, ditos cidadãos do século 21, tratamos a passagem do tempo. Pra começo de conversa vivemos em uma “civilização” onde o descartável pontifica: usamos e jogamos fora. O pior é que essa relação do “facilmente substituível” está contaminando o próprio comportamento humano. Discute-se pouco, lembro que discutir aqui é trocar ideias. Há um conformismo com essa modernidade, vamos aceitando tudo e incorporando na mesma velocidade sem um debate prévio. Aliás, em alguns setores, sequer acompanhamos a evolução tecnológica tal é a sua velocidade e ímpeto.
Ninguém pode brecar a tecnologia, mas e as relações humanas?
Outro dia me despedi de um amigo e mandei recomendações a dna. Márcia (era a mulher dele) ele se apressou em dizer que já estava casado com outra e pôs o dedo na boca para eu não falar alto e essa outra que estava nas proximidades ouvir... Poderia comentar algo, mas não sirvo para conselheiro matrimonial... Já presenciei gente afirmando que estava no oitavo casamento com a maior sem cerimônia, como se pretendesse entrar para o Guinness Book.
Estranho pensar tudo isso agora, volto para a página do jornal e vejo os escritores William Faulkner e Orson Welles, ambos dedilhando suas máquinas de escrever, eles usavam uma Underwood; mais à direita, o dramaturgo Nelson Rodrigues com a sua Remington e em cima, à esquerda, Ernest Hemingway com a sua Smith-Corona (ele tinha uma Royal como reserva) e penso na minha Olivetti Lettera 32 que ganhei do meu pai (que escrevia numa Remington onde aprendi a datilografar com os dez dedos) e no quanto tive de procurar até encontrar num antiquário uma Royal, igual a do old “Papa” Hemingway, só para entrar no mesmo clima... A literatura sim, uma paixão a ser cultivada. Um bom livro é uma companhia que não decepciona.
Volto para a foto grande que me chamou a atenção no início: duas máquinas de escrever Remington antigas, a menor é a mais velha, destroçadas junto com um liquidificador num ferro velho que ilustra a matéria... Lembrei do amigo, artista plástico Telomar Florêncio e a frase que escreveu ao lado de sua prancheta “Amanhã seremos apenas uma fotografia na parede de alguém, depois, nem isso”.
Desisto da leitura e fico curtindo aquela manhã de inverno onde a natureza já fez tudo e o homem continua sendo um ator secundário.