Grande Olsen!
A croniqueta tratando do limbo não foi suficiente clara para sanar umas dúvidas que me angustiam nestes últimos tempos.
Notadamente com os urgentes e obrigatórios deveres espirituais dos pobres mortais, que ainda padecem nesta vida de provas e expiações, como também dos que seguiram para níveis diferentes para cima, ou para baixo. Há muito cochicho, notadamente depois da crise, garantindo que o Japão se parece com a rua 25 de março, só que de almas penadas.
Mas, nos atendo ao principal: os periódicos anunciaram um novo decreto papal, segundo o qual o limbo estava definitivamente extinto. Todavia, tenho informações fidedignas de cocheira que, depois do decreto publicado, foi formada uma comissão, com poderes extra-celestiais, objetivando principalmente decidir o destino dos inquilinos.
Muitos deles, ao que tudo indica a maioria, acreditaram piamente que a política lá de cima era completamente diferente da nossa, pobres mortais, razão pela qual gastaram imprudentemente suas boas ações, estando faltando, agora, o necessário para acessar outros departamentos, possibilidade que no contrato inicial fora descartada.
Pior ainda, que os gastos limitaram-se a melhorias e ajustes no habitacional do limbo e agora terá que ser abandonado, não importando para onde sejam mandados. A oposição - sempre ela – defende que o transporte e todos os gastos decorrentes da mudança, assim como a nova moradia, devam ser pagos pelo poder central, ou papal, que desapropriou milhares de infelizes sem nenhuma audiência pública, sem orçamento participativo e tendo um pouco antes, vedado qualquer aglomeração que pudesse descambar para finalidades subversivas. Todo ajuntamento é muito perigoso.
Consta ainda que uma grande empresa, ligada a uma família tradicional do Maranhão, poucos dias antes do decreto, vendeu todas as ações com bases em informações privilegiadas o que contraria normas incluídas nos mandamentos, e algumas passagens bíblicas.
A oposição estuda ainda o pedido de criação de uma CPI para averiguar indícios de manobra na publicação do decreto, junto com a nomeação da comissão, que através de um ato secreto tornaria o decreto papal sem efeito por fissura inconstitucional, mas para que não existisse o constrangimento, o limbo voltaria a funcionar, agora sim, dentro dos preceitos neoliberais, sendo administrado pela iniciativa privada.
Avento estes problemas porque fui sabedor que o senhor andou consultando monges e afins para tratar do imbróglio e, quiçá, pudesse me dar alguma luz, sem infravermelho, para que eu poça contatar com minha querida Joaquina, cachorra que felicitou a tantos e tantas nestas partes do planeta. Fui informado que a correspondência se encontra suspensa, a internete foi bloqueada e o acesso aéreo fechado.
Contudo, se entender prudente não tratar do assunto publicamente, entenderei perfeitamente. O Senhor sempre foi um contumaz respeitador das liturgias da fé e seus administradores. Mas igual aguardo para que, se na eventualidade algum frade ou assemelhado for designado para alguma missão por aquelas bandas, ficarei imensamente grato em poder fornecer dois envelopes ao viajante: um com correspondência à Joaquina e um segundo com numerário suficiente a pequenos prazeres indispensáveis nas adversidades de tão longa viagem.
Este humilde escriba lhe será eternamente grato pelos esclarecimentos vindouros.
Valdir Alves
Abençoado!!!!
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