Por Olsen Jr.
O título aí foi o primeiro livro de Albert Camus, publicado em 1937 com uma tiragem modesta de 350 exemplares quando o escritor era ainda um desconhecido, mas já trazia o embrião de alguns temas que lhe seriam emblemáticos: o absurdo e a felicidade, por exemplo, entre outros.
Lembrei desta obra ou pelo menos o título dela para ilustrar um comportamento que me parece bem típico do brasileiro. Tão incorporado está que ousaria dizer, se não fosse alguém esclarecido, que é genético: o de enxergar sempre, em qualquer situação, mesmo as mais otimistas, o avesso... É, o avesso das coisas.
Só para exemplificar, em uma exposição de artes, cartoons, mais precisamente, denominada Criaturas II, um Salão de Humor itinerante promovido pela Funarte para promover o humor brasileiro e que reuniram veteranos (Millôr Fernandes e Juarez Machado, por exemplo) e menos conhecidos (Aroeira, Glauco...) e também blumenauenses (Cao, Luiz Cé...) início da década de l980 em Blumenau, havia um desenho do Aroeira/81 mostrando as cataratas do Iguaçu, em cima do mirante uma multidão, gente de todos os tipos que ao invés de contemplarem as belezas naturais ali em frente, estavam voltadas para um sujeito que resolvera fazer xixi ali de cima...
O preconceito sempre tem mais amparo que os escrúpulos. Quando uma intervenção bem humorada expõe algum tipo de comportamento ao ridículo a imprensa ou quem a pratica está prestando um serviço para a sociedade, evitando que a boçalidade ganhe foros de instituição. Isso vale principalmente para a política, por óbvio, por estar mais exposta, mas serviria também para o maneirismo social.
A gente só vê o que quer.
Quase esqueço, havia um coquetel no Plaza Hering em Blumenau, década de 1970, algumas dezenas de pessoas estavam no recinto, todos esperando a abertura do evento. No piano estava o Johnny (ex-integrante da orquestra do Glenn Miller), aquele som refinado de fundo, certa expectativa no ar, quando apareceu o colunista Beto Stodieck, inquieto como sempre, cumprimentou várias pessoas e depois se aproximou do bifê, escolheu um e outro salgadinho e começou a comer... Todo o mundo olhando incrédulo, daqui a pouco, na terceira bocada, não se conteve, com o petisco na mão, ergueu a cabeça e vociferou: “estão estranhando o quê? Não é para isso que estamos aqui? Para comer de graça?”... Foi uma gargalhada só e logo uma turba faminta caiu sobre a mesa de salgadinhos sem a menor piedade.
Com bom humor até uma grosseria pode ser perdoada ou então, nova maneira de dizer
que preferimos ver o avesso antes do direito.
O título aí foi o primeiro livro de Albert Camus, publicado em 1937 com uma tiragem modesta de 350 exemplares quando o escritor era ainda um desconhecido, mas já trazia o embrião de alguns temas que lhe seriam emblemáticos: o absurdo e a felicidade, por exemplo, entre outros.
Lembrei desta obra ou pelo menos o título dela para ilustrar um comportamento que me parece bem típico do brasileiro. Tão incorporado está que ousaria dizer, se não fosse alguém esclarecido, que é genético: o de enxergar sempre, em qualquer situação, mesmo as mais otimistas, o avesso... É, o avesso das coisas.
Só para exemplificar, em uma exposição de artes, cartoons, mais precisamente, denominada Criaturas II, um Salão de Humor itinerante promovido pela Funarte para promover o humor brasileiro e que reuniram veteranos (Millôr Fernandes e Juarez Machado, por exemplo) e menos conhecidos (Aroeira, Glauco...) e também blumenauenses (Cao, Luiz Cé...) início da década de l980 em Blumenau, havia um desenho do Aroeira/81 mostrando as cataratas do Iguaçu, em cima do mirante uma multidão, gente de todos os tipos que ao invés de contemplarem as belezas naturais ali em frente, estavam voltadas para um sujeito que resolvera fazer xixi ali de cima...
O preconceito sempre tem mais amparo que os escrúpulos. Quando uma intervenção bem humorada expõe algum tipo de comportamento ao ridículo a imprensa ou quem a pratica está prestando um serviço para a sociedade, evitando que a boçalidade ganhe foros de instituição. Isso vale principalmente para a política, por óbvio, por estar mais exposta, mas serviria também para o maneirismo social.
A gente só vê o que quer.
Quase esqueço, havia um coquetel no Plaza Hering em Blumenau, década de 1970, algumas dezenas de pessoas estavam no recinto, todos esperando a abertura do evento. No piano estava o Johnny (ex-integrante da orquestra do Glenn Miller), aquele som refinado de fundo, certa expectativa no ar, quando apareceu o colunista Beto Stodieck, inquieto como sempre, cumprimentou várias pessoas e depois se aproximou do bifê, escolheu um e outro salgadinho e começou a comer... Todo o mundo olhando incrédulo, daqui a pouco, na terceira bocada, não se conteve, com o petisco na mão, ergueu a cabeça e vociferou: “estão estranhando o quê? Não é para isso que estamos aqui? Para comer de graça?”... Foi uma gargalhada só e logo uma turba faminta caiu sobre a mesa de salgadinhos sem a menor piedade.
Com bom humor até uma grosseria pode ser perdoada ou então, nova maneira de dizer
que preferimos ver o avesso antes do direito.
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