Este post foi publicado hoje por Ioani Sánchez do blog cubano Generacio Y:
É uma bolsa de malha, uma redezinha entrelaçada de cor avermelhada com cinco tangerinas em seu interior. As trouxe - da Europa – um leitor que descobriu onde moro graças às pistas deixadas no blog. Depois de brindar-lhe com um copo d'água, tirou os cítricos da sua mochila – com certa vergonha – como se viesse me presentear com algo muito comum nesta Ilha, mais comum inclusive que o marabú ou a intolerância.
Não se explica então porque agarro o pacote e afundo o nariz em cada fruta. Uns segundos e chamo aos gritos a minha família para mostrar-lhes os arredondados alaranjados que já começo a descascar. Afundo minhas unhas na casca e perfumo meus dedos. Tenho uma festa de resina sobre cada mão.
Não se explica então porque agarro o pacote e afundo o nariz em cada fruta. Uns segundos e chamo aos gritos a minha família para mostrar-lhes os arredondados alaranjados que já começo a descascar. Afundo minhas unhas na casca e perfumo meus dedos. Tenho uma festa de resina sobre cada mão.
Uma trilha de cascas enche a mesa e até o cachorro se entusiasma com o odor que excita toda a casa.
Chegaram as tangerinas!
Voltou esse aroma quase perdido, essa textura extraviada! Minha sobrinha celebra a aparição e tenho que lhe explicar que uma vez estes frutos não vinham nem de barco nem de avião. Evito confundi-la – porque só tem oito anos – com a história do Plano Citrícola Nacional e das grandes extensões da Ilha da Juventude onde as laranjas e os grapefruit eram colhidos por estudantes de outros países. Tampouco menciono as cifras triunfalistas lançadas da tribuna ou os sucos Tropical Island que começaram sendo fabricados coma polpa extraída das nossas colheitas e agora sabem a xaropes importados. Mas sim lhe conto que quando novembro ou dezembro chegava, todos os meninos da minha escola primária cheiravam a tangerinas.
Chegaram as tangerinas!
Voltou esse aroma quase perdido, essa textura extraviada! Minha sobrinha celebra a aparição e tenho que lhe explicar que uma vez estes frutos não vinham nem de barco nem de avião. Evito confundi-la – porque só tem oito anos – com a história do Plano Citrícola Nacional e das grandes extensões da Ilha da Juventude onde as laranjas e os grapefruit eram colhidos por estudantes de outros países. Tampouco menciono as cifras triunfalistas lançadas da tribuna ou os sucos Tropical Island que começaram sendo fabricados coma polpa extraída das nossas colheitas e agora sabem a xaropes importados. Mas sim lhe conto que quando novembro ou dezembro chegava, todos os meninos da minha escola primária cheiravam a tangerinas.
Que dias aqueles! Em que ninguém tinha que trazer-nos de um continente longínquo o que as nossas próprias terras produziam.
Cangablog: Provavelmente algum adorador de ditaduras, como a cubana da família Castro, acuse Ioani reacionária ou anti-revolucionária. A revolução cubana foi linda quando derrubou o outro ditador. Mas 50 anos no poder mostraram que a dinastia Castro, além de autoritária e assassina é incompetente. E não me venham com o papo de que a miséria de Cuba é culpa do bloquei internacional. Papo furado! Revolução furada!
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