Sobre a famosa pergunta feita por Paul McCartney em seu show no Gigantinho em Porto Alegre o jornalista Cesar Valente tem boas respostas:
Cesar: Tava posto em sossego, esquecido no sol da esplendorosa manhã terçaferina, quando senti um cutucão no twitter (pequeno osso passariforme situado logo abaixo do blog vesicular, entre o tendão da web e o músculo deltóide online). Era o @rafashift, provocando uma reação dos anticorpos opiniáticos ao afirmar que “What’s wrong with Florianópolis?” é um título muito bom: “serve como eixo de seminário, tema de tese de doutorado ou título de artigo no DONC”.
Como vocês sabem, a pergunta foi feita por ninguém menos que Sir Paul McCartney em pessoa, ao ouvir as vaias com que foi brindada uma florianopolitana que ele escolheu para autografar. “O que tem de errado com Florianópolis? Eu sou de Liverpool”, disse ele, naturalmente escolado por décadas e décadas de palco, para interagir com a platéia de uma forma simpática e fazer cessar a manifestação anti-florianopolitana, pura inveja daquele pessoal que, sempre que pode, vem passar uns dias nas praias-do-objeto-da-vaia.
Pois bem, o @rafashift (tenho que tomar cuidado pra não escrever @rafashit) tem razão: é um título muito bom. E em inglês, com sotaque britânico, soa ainda melhor. Dito pelo Paul, então, é fantástico.
E, se depois do show, tomando um chops no Barranco, ele tivesse perguntado novamente, a sério, sentado diante de algum de nós, o que responderíamos?
Eu olharia para os lados e, se na mesa tivesse muito gaúcho, eu diria que não tem nada errado. E que o próprio censo 2010 do IBGE mostra isso, ao comprovar que Florianópolis atrai gente como um brigadeiro esquecido no chão atrai formigas.
Mas se estivessemos sós ou apenas entre manezinhos, pediria mais uma rodada (por minha conta) e começaria a longa lista de coisas erradas que, todo dia, vemos. E aposto que cada leitor e cada leitora tem sua listinha. Talvez um ou outro ponto tenha sido observado por todos (o sumiço do prefeito, por exemplo), mas cada rua, cada bairro, cada vizinhança, cada trajeto da casa para o trabalho, tem suas mazelas.
E o pior: nem sempre são coisas graves e grandes, como a baderna das avenidas inacabadas (beira mar do Estreiro, beira mar de São José, beira mar da baía sul) e os roteiros engarrafados (Rio Tavares, Pantanal, travessia para o Continente, etc). Tem muita coisa que um mínimo de cuidado, de atenção e de zelo pela cidade, poderia resolver. E é isso que dói mais: há uma sensação de abandono, quando nem soluções simples são adotadas com agilidade.
E dá um cansaço, um desânimo, quando a gente vê os florianopolitanos elegerem, para cuidar dessa jóia preciosa e delicada do Atlântico Sul, uns despreparados insensíveis que só estão na política para fazer carreira. E que não entendem nada de administrar ilhas onde tudo tem que ser muito bem planejado e controlado, sob pena de acontecer o que está acontecendo.
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