Lazeros da Perrera Municipal de Córdoba, Argentina (1965) |
Outro dia assisti a uma cena inusitada no centro de Florianópolis. Na rua Victor Meirelles, protagonista de um artigo publicado aqui sobre a criminalidade e o abandono do centro da cidade. (Florianópolis cidade sem lei).
Um kombi da Vigilância em Saúde, da Prefeitura, estacionou na esquina e desceu um senhor, devidamente identificado com crachá, e começou a conversar com duas pessoas que estavam ao lado de um cachorro que descansava no meio da calçada. O animal é propriedade dos moradores de rua que habitam a calçada em frente ao antigo restaurante Kafa.
O "vigilante" conversou, conversou e depois pediu às pessoas que ficassem ali, ao lado do bicho, que ele iria buscar uma correia para prendê-lo. Seria levado para o Centro de Zonoses onde seria castrado e depois devolvido aos donos, na rua. Tudo isso falado em voz alta em frente ao cachorro que continuava deitado indiferente em sua preguiça.
Fiquei observando a cena e jamais imaginei que o animal entendesse português. Pois o vigilante saiu, foi até a "carrocinha" e buscou uma guia. Quando chegou perto o cachorro simplesmente levantou e saiu displicentemente para o outro lado da rua onde se acomodou na calçada em frente. Só restou ao vigilante o comentário: - Eles são muito inteligentes!
Vigilante frustrado. dia da caça! |
O título deste post está em espanhol pois a "carrocinha" me lembrou a expressão muito usada por meus amigos uruguaios no tempo da ditadura militar naquele país. Lá, carrocinha se chamava perrera. Desde guri sempre tivemos cuidado com la perrera, pois se um cachorro nosso estivesse solto na rua, corria o risco de ser pego pela perrera.
Mais tarde, no período da ditadura, apelidamos as caminhotes fechadas da polícia de chanchitas, porquinhas, usadas pelos porcos.
Mas o nosso código para alertar os companheiros de clandestinidade sobre a presença de alguma chanchita nas imediações era: - Cuidado con la perrera!
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