domingo, 2 de outubro de 2011

PASSADO

Por Emanuel Medeiros Vieira

 

O passado está aí,
não se foi,

não se vai,

não quer partir.


(Um dia – quando se for – nada mais importará.)


Nele estamos atolados.


Estamos?


O presente é fragilidade

O futuro: velhice e morte.


Sempre queremos alguém (que nos importe/nos ame) quando anoitece.


E quando amanhece, aspiramos um sentido, foco, projeto – que a vida valha a pena, não seja carbono de ontem.


Meu pai – olhar principesco e generoso – está na soleira da porta.


O que é uma ponte?


É um homem numa ponte.


(Alguém já escreveu isso – ninguém é o Adão literário).


Comigo – na noite, no vento, contemplando o mar –, caminham os poetas que “pilhei”.


(Salvador, outubro de 2011)

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