Por Edison da Silva Jardim Filho
Li, na coluna “Informe Político”, do jornalista Roberto Azevedo, publicada na edição do dia 27/02/11 do jornal “Diário Catarinense”, nota sob o título: “Com a bola toda”, encimada por uma fotografia do governador Raimundo Colombo saltando, na condição de goleiro, para fazer uma defesa.
A notícia relatava o jogo de futebol suíço ocorrido entre um time formado pelo governador e secretários de Estado, e outro, por membros do Ministério Público de Santa Catarina. A equipe do poder executivo foi goleada por 5 a 2. A nota não dava o local da pelada, mas como dizia que foi organizada pelo presidente da Associação Catarinense do Ministério Público, promotor de Justiça Andrei Cunha de Amorim, suponho que tenha sido realizada em sua sede balneária de Canasvieiras. Ela também não informava, claramente, se o procurador-geral Gercino Gerson Gomes Neto participou do jogo de futebol suíço. Entretanto, face a presença do governador, ele certamente lá estava.
Pelo time do poder executivo, jogaram a pelada- é o que dizia a notícia-, dentre outros, os secretários Derly de Anunciação, da comunicação, Milton Martini, da administração, Filipe Mello, do planejamento- filho do deputado federal Jorginho Mello-, e o promotor de Justiça, César Grubba, da segurança pública; além do procurador-geral do Estado, Nelson Serpa, e do diretor econômico-financeiro da Celesc Distribuição, José Carlos Oneda. Embora a nota não mencionasse o banco de reservas, é possível que lá estivessem sentados e sedentos para entrar em campo a fim de reverter o placar, os presidentes do Deinfra, Paulo Roberto Meller, e da SC Parcerias, Enio Andrade Branco. Nesse jogo de futebol suíço, como visto, estavam representadas, através de notórios “operadores” de confiança, algumas áreas do governo de Santa Catarina historicamente usadas para abastecer o caixa dois de campanhas eleitorais e criar as fabulosas fortunas dos políticos.
O MP/SC, com essa desopilante pelada, tripudiou sobre o pleno e profundo significado do princípio mais importante que a Constituição Federal lhe apresentou como farol e bússola de sua caminhada institucional, o da “independência funcional” (parágrafo 1º do artigo 127), além de ignorar a velhíssima e, de tão surrada, chatíssima máxima de que “à mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”. Há muito tempo tenho a sensação de que, na relação entre os membros dos três poderes e dos órgãos incumbidos de fazer valer o sistema de pesos e contrapesos em Santa Catarina, a cordialidade já resvalou para a amizade e, em muitos casos, para o compadrio. Esse joguinho de futebol suíço também me dá todo o direito de desconfiar que a escolha de um promotor de Justiça para secretário da segurança pública não teve o objetivo de despolitizar a Polícia Civil, como apregoado pelo governador, e, sim, o de manietar, ainda mais, o MP/SC.
No outro extremo, encontra-se a procuradora da República Analúcia Hartmann, que, por ser vocacionada para a função e cumprir, ao pé da letra, o seu dever institucional de defender o belo e frágil meio ambiente de Florianópolis, é odiada pelos políticos e dirigentes públicos, bem como pelos grandes empresários, cuja vocalização desse sentimento, por encomenda, é feita por uma grande parte da mídia. Agora mesmo, o trabalho da procuradora foi objeto de reportagens e de colunas políticas, diante do indeferimento do pedido de liminar na ação civil pública que propôs contra a empresa SOS Cárdio, por construir a sua nova clínica sobre área do Manguezal do Itacorubi, respaldada em alvará da prefeitura de Florianópolis e licenciamento ambiental da FATMA, supostamente expedidos de forma irregular. Mesmo torpedeada pelas costas por órgãos públicos que deveriam proteger e defender a natureza e não os interesses privados, como reiteradamente o fazem, a procuradora enfrenta, com valentia e competência, a sua espinhosa sina.
O vencedor moral de qualquer pelada que se realize entre os times do poder executivo e do MP/SC será sempre o do poder executivo, mesmo que no jogo com bola a equipe do MP/SC lhe tenha imposto uma goleada.
J.P. deixou um novo comentário sobre a sua postagem "UMA PELADA REVELADORA?": Acho que Futebol Suíço não é o nome apropriado para o caso e sim, "Futebol da Sicilia" (Cosa Nostra).
Jean Pierre
J.P. deixou um novo comentário sobre a sua postagem "UMA PELADA REVELADORA?": Acho que Futebol Suíço não é o nome apropriado para o caso e sim, "Futebol da Sicilia" (Cosa Nostra).
Jean Pierre
Acho que Futebol Suíço não é o nome apropriado para o caso e sim, "Futebol da Sicilia" (Cosa Nostra).
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